O arraial do Monte está em perigo mas a Junta faz o Mercadinho no Largo da Fonte, alerta a recém eleita líder do movimento “Somos Todos Monte”

monte largo
A líder do movimento “Somos Todos Monte” pretende desenvolver um contacto próximo com o povo, um povo que diz ser “forte” para enfrentar as adversidades resultantes da queda da árvore.

Teresa Luís mora no Monte mas tem atividade profissional no Funchal. É massagista, terapeuta e esteticista. Vive os problemas da freguesia onde vive e é essa vivência que lhe permite um olhar, por dentro, sobre os problemas que ali persistem, antes e depois da queda da árvore. Recorda aquele dia 15 de agosto com uma mágoa sem fim. Mas diz que o povo é forte, está a recuperar e vai recolocar o Monte na normalidade possível após um acontecimento com aquela dimensão trágica.

Foi eleita, domingo, como nova líder do Grupo de Cidadãos Eleitores “Somos Todos Monte”, enquanto única candidata. É cedo para deitar “contas à vida” em termos políticos, porque o horizonte das autárquicas, em 2021, ainda vai dar muito que falar, além do tempo. O trabalho começou no dia da eleição, prefere uma ação permanente junto da população antes de outros pensamentos, quer uma proximidade que afirma sempre ter desenvolvido na freguesia, as pessoas conhecem o seu trabalho e é com as pessoas que quer estar e falar.

Aos 43 anos de idade, casada e com 7 filhos, Teresa Luís propõe-se apostar neste contacto com o povo e na relutância que este começa a ter relativamente aos partidos e ao que eles têm feito ou não têm feito nas freguesias, no caso particular do Monte. Já foi voluntária da Associação de Solidariedade Social Monte de Amigos e teve uma ação interventiva por ocasião dos incêndios, lembra que “é preciso ajudar as pessoas e não apenas haver uma proximidade em altura de eleições”. É também uma cara conhecida no meio desportivo, é oficial de mesa de Karaté e atleta de Karaté do Clube ASKKSA.

De um lado a vertente política, do outro a de cidadã. Os dois interligados, os dois estão lado a lado quando a abordagem é sobre aquilo que mudou depois do 15 de agosto, o dia em que a árvore se abateu e com ela a morte e o sofrimento que ainda hoje estão bem presentes um pouco por todo o lado. Esteve no dia trágico, ajudou pessoas, ajudou a retirar galhos, sentiu o peso da dor em cada olhar, viu bem os momentos em que o mundo caíu sobre o Monte.

Teresa Luís
Teresa Luís é a nova líder do movimento “Somos Todos Monte”.

“As pessoas têm medo de vir ao Monte”, confessa, admitindo que “as feridas custam a passar”, mas reforçando a ideia de que “o povo é forte, está a recuperar e vai ter força para levar a freguesia para a frente depois deste acontecimento”. Diz que, em termos de mudanças, “mudou pouco, não se vê fazer nada”, num contexto em que o caso está em investigação e que, nestes casos, há todo um tempo, que parece uma eternidade, em que o tempo processual é diferente do tempo que temos para ver os problemas resolvidos.

Teresa Luís afirma que o discurso dos políticos, por vezes, choca com a realidade. Dá esta nota para rebuscar partes da intervenção de Idalina Silva, a presidente da Junta de Freguesia local, quando tomou posse, dizendo então que se não houver intervenção a tempo, até ao início do próximo ano, o arraial do Monte pode estar em causa por razões de segurança. A nova líder do “Somos Todos Monte” concorda que se faça prevenção, acima de tudo está a segurança das pessoas, mas não entende essas palavras quando no dia seguinte, a exemplo do que tem acontecido no final de cada mês, há o Mercadinho no Largo da Fonte, junto ao local onde ocorreu a queda da árvore”. E questiona as palavras de Idalina Silva: “Num dia, diz que o arraial do Monte pode estar em causa por razões de segurança. E as atividades da Junta, entre elas o Mercadinho, podem realizar-se que já não há problema? Para isso, está garantida a segurança? Há muita incoerência de discurso que as pessoas não entendem”.