Escândalo subsiste: utente paga mais de seis euros de parque por cerca de três horas a fazer exame hospitalar

Parque de estacionamento do Hospital ou “casino”? Foto FN.

Os utentes do Hospital Dr Nélio Mendonça  continuam a ser literalmente explorados pelo elevado preçário cobrado pelo parque de estacionamento privado ali instalado há anos. Um utente mais idoso, forçado a fazer um exame específico, estacionou a sua viatura hoje  no parque e, após cerca de três horas, teve que desembolsar mais de 6 (seis) euros pelo tempo a que foi forçado a permanecer num espaço que deveria de ser, acima de tudo, de saúde pública.

Indefesos, debilitados pelos problemas de saúde, dobrados pela idade, os utentes pagam e calam, pasmando, contudo, com o facto de, até para ir ao Hospital, serem lesados nos seus mais legítimos direitos. Quem os escuta e substitui a retórica política pelas medidas concretas de revisão deste denunciado escândalo?

Há meses que o próprio Governo Regional anuncia a revisão destes exorbitantes preçários, uma vez que se trata dos parques de estacionamento mais caros da Europa. Mas, os meses passam e, na prática, a factura é implacável e executada a utentes e profissionais de saúde que ali labutam diariamente.

Os utentes bem procuram um lugar para estacionar fora deste verdadeiro “casino” mas os lugares são rapidamente preenchidos à volta do Hospital, nomeadamente por quem  trabalha na unidade de saúde e demais estabelecimentos comerciais. A solução é deixar o carro no parque de estacionamento do Hospital e pagar a conta, na esperança que os governantes sintam algum dia essa mesma dor no respetivo bolso.

É do domínio público que, por diversas vezes, o FN já alertou para o problema, assim como as diferentes forças políticas. Concessionado pelo Governo Regional à empresa continental CEP, este parque tem sido um sorvedouro de dinheiro de utentes já de si fragilizados pela doença, até porque ninguém recorre ao Hospital por gosto ou capricho. Como se não bastassem os problemas que cada utente tem, para além das longínquas deslocações das suas residências em nome de tratamentos indispensáveis, eis que são também forçados a pagar um preço exorbitante para um privado guardar a viatura pelo tempo que os serviços de saúde necessitarem para o despachar. Na verdade, como é compreensível, há exames e tratamentos demorados e a conta no parque não tem complacências com as contingências da saúde.

Os próprios profissionais de saúde que trabalham no Hospital são, há anos consecutivos, também vítimas destas tabelas. Todos o sabem, as críticas sucederam-se  desde que o parque começou a funcionar,  já lá vai uma década e ainda se fala em tentar negociar junto do privado a revisão dos preços, dado o contrato leonino firmado pelo Governo anterior.

O problema foi já discutido em sede parlamentar este ano, tendo na oportunidade os deputados da bancada da maioria esclarecido que o GR pretende rever esta situação, mas que não poderia denunciar logo o contrato sob pena das elevadas indemnizações a pagar ao privado. Neste momento, como noutros assuntos, enquanto decorrem as negociações, os utentes e todos os profissionais de saúde que deixam a viatura no parque de estacionamento  são chamados a pagar e bem em nome da facturação privada. Uma herança que vem do Governo anterior que fez uma concessão “milionária” à Companhia de Parques de Estacionamento SA, em claro desfavor dos cidadãos. Não é, por acaso, que ironicamente se comenta que temos uma “saúde superior” na Madeira.