Nascido no Paul do Mar, Drumond comanda embarcação milionária no Panamá e passa férias na terra

Gabriel Drumond relata ao FN a sua aventura no Panamá. Fotos FN

Gabriel Drumond é um dos muitos filhos do Paul do Mar que está emigrado no Panamá, onde a sorte lhe tem sorrido. Partiu aos 14 anos, construiu uma vida de sucesso no comando de uma grande embarcação que se dedica à captura do atum e hoje revisita a terra, na companhia da família.

A embarcação Ventuari, comandada por Drumond.
No Paul, a maioria da população emigrou. Sol e silêncio cobrem a bela e pacata freguesia.

Reencontrou um Paul do Mar sempre solarengo, hospitaleiro, a um ritmo sereno, bem distante da azáfama das grandes embarcações que labutam na faina do tunídeo. Muitos pauleiros estão também emigrados e, na reta do Paul, o silêncio envilvido de um sol que brilha de amanhã à noite, convida ao merecido descanso e ao café com os amigos.

A embarcação “Ventuari”, com capacidade para 1600 toneladas, orçada em 32 milhões de dólares, está sob o seu comando, assim como uma tripulação de 26 pescadores. O italiano Domenico Pinto é o armador com quem trabalha há mais de duas décadas. Uma aventura de sucessos nos mares mas “com muito trabalho e resistência”.

Quando saiu da Madeira aos 14 anos, a estreia no trabalho, no Panamá, foi como ajudante de cozinha. Tempos difíceis, onde faltava tudo e nem a linguagem era perceptível. Já na altura, os madeirenses aqui radicados investiam em força na pesca do atum. Com 26 anos, passou a navegar nas grandes embarcações, já como capitão. As dificuldades foram gradualmente superadas e hoje é um dos muitos emigrantes madeirenses de sucesso no estrangeiro.

Gabriel Drumond e os dois filhos, no café, onde conversa com os amigos.

No verão, o regresso ao Paul do Mar impõe-se para revisitar a terra, as memórias de infância, os amigos e abrandar o ritmo. “Ganha-se muito mas também trabalha-se muito. A vida no mar é muito difícil e arriscada. Por vezes, morrem companheiros nossos em acidentes durante a faina. Temos um helicóptero que aterra no barco e, por vezes, a operação tem o seu risco. Alguns companheiros perdem a vida de forma lamentável, incluindo madeirenses”, conta ao FN Gabriel Drumond.

Os dois filhos, que acompanham o pai nas férias, não querem a vida do mar. Optaram por saídas profissionais bem diferentes, pois o Panamá continua a ser “um mundo de oportunidades para quem quer verdadeiramente trabalhar”.

A terra revisitada “tem sempre muito encanto”, pela sua quietude e segurança. “Vale sempre a pena voltar cá de férias para recuperar energias, reencontrar amizades e depois seguir em frente”. Sim, porque há mais mundo no Panamá à espera dos pauleiros que sabem arregaçar as mangas e ir à luta.

 

Reencontrar os amigos, trocar algumas conversas e andar ao ritmo do Paul.