O povo é quem mais “ordenha” em matéria de nomes de ruas…

 

toponimia, placas

Rui Marote

O Estepilha volta à carga e esclarece o porquê da mudança das placas toponímicas, abordada na Crónica Urbana de ontem. Em Março comemoram-se 100 anos do fim da 1ª Guerra Mundial.
A edilidade funchalense agarra a efeméride, embora a ideia não partisse dos bastidores
da Câmara, mas sim de uma outra alta entidade.
Recordamos que Cafôfo, numa Presidência Aberta ao Bairro dos Moinhos, salientou uma requalificação de toda aquela zona, numa aposta que visa dar uma outra vida ao local com aproveitamento, inclusive, do ponto de vista turístico. A ideia começa a avançar e o professor de História precisa de uma história que os guias turísticos possam contar.
No cimo da encosta está o Paiol, hoje sede da Liga dos Combatentes, uma atracção turística, principalmente se se mudar o nome daquelas ruelas e se colocar o nome dos nossos heróis. É o nosso memorial aurtárquico aos combatentes. Dentro de dias, outro nome surgirá, substituindo a vereda do Paiol por outro herói da 1ª Grande Guerra.
Mas tudo isto é feito nas costas do povo… Estepilha, quando a canção diz que o povo é quem mais ordena, neste caso o povo “ordenhou”… Não é fácil mudar nomes de ruas que passaram de bisavós para pais e filhos e netos. Mas, para a CMF, é simplícissimo.
A CMF bate à porta das pessoas a incomodá-las e a perguntar se têm gato, papagaio ou cachorro. Porque não falar com as pessoas e explicar estas mudanças? Ou não fosse a Mudança que está à frente dos destinos do Município…
O Estepilha sugere uma arruada com tambores, anunciando que El-Rei determina que a partir de hoje o Beco do Paiol chamar-se-á Rua Tenente Machado, herói da 1º Guerra Mundial.
Samora Machel quando entrou em Moçambique falou aos macondes e perguntou quem era esta Amélia que tinha dado o nome a Porto Amélia. Ninguém soube responder, e ele decretou que a partir desse momento passava a chamar-se Pemba. Assim o fez em Lourenço Marques, que hoje se chama Maputo. E não o fez no Palácio da Ponta Vermelha, mas perguntando directamente ao povo… Estepilha, a luta continua…

PS:  Não me causará estranheza se o Monumento ao Combatente, que já esteve na mata da Nazaré, e está hoje em frente ao quartel do RG3, venha a ser “trasladado” para o largo em frente ao Paiol, transformando aquele local num memorial de guerra com guarda de honra e chama da Pátria.  Era a cereja no topo do bolo. Estou disponível para ajudar, porque quando viajei para países da ex-Cortina de Ferro no meu roteiro visitei memoriais de guerra, diga-se, em boa verdade, de encher o olho.
Quanto a ficarem escandalizados com a transferência da escultura, para nós madeirenses é caso frequente. O Semeador já esteve no Campo da Barca e viajou para ex -edifício da Junta Geral, Parque de Santa Catarina e agora Câmara Municipal.
A Estátua de Autonomia andou do aeroporto para o Funchal, e com as obras a pira de bronze desapareceu. A pomba da Paz de Manuela Aranha, andou da Avenida do Mar para a ponte dos Socorridos. O Carro de Bois do mestre Anjos Teixeira da Avenida Calouste Gulbenkian para o Largo da Feira, no Mercado. E o busto de Gago Coutinho, foi do Jardim Municipal para a saída do túnel da Sá Carneiro. Até o Cristiano Ronaldo mudou.  É caso para dizer que as estátuas na Madeira andam…