Negócio sem fim: areia para a construção

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Rui Marote

Constuir, limpar e depois vender é um negócio de um filme intitulado ‘Interminável’. Há 60 e 50 anos a limpeza das ribeiras era feita por homens cuja profissão era denominada de “arieiro”. No meu trajecto para a escola e no regresso, fazíamos uma pausa para observar o trabalho desses homens, que trabalhavam de calções no leito das ribeiras, descalços e com água pelos tornozelos, munidos de uma pá e de uma enxada. Faziam-nos lembrar os garimpeiros do rio Amazonas, em busca de ouro…

Não havia, então, máquinas; tudo era feito manualmente. Os arieiros transportavam os minerais no dorso até à estrada, onde os chamados “meios carros” transportavam essa areia preciosa, que era vendida para revestimentos, uma vez que estava isenta de água salgada.

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Hoje, todas essas operações socorrem-se de meios sofisticados. Dezenas de camiões das firmas areiras transportam esse “ouro negro” retirado dos leitos das ribeiras, numa “limpeza” que chega a ser duas vezes por ano.

O governo paga para construir, paga para limpar, e quem limpa vende… Este é um grande negócio sem fim à vista. Não temos ouro nem diamantes, mas há quem tenha nascido com o “traseiro virado para a Lua”… Bom proveito lhes faça.