Crónica Urbana: “Sem-abrigo” andam com cães agressivos na baixa do Funchal

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Rui Marote

Nada nos move contra os animais. Mas há situações que são simplesmente absurdas. Um grupo de sem-abrigo passeia-se, umas vezes uns, umas vezes outros, com três cães (ver fotos) na baixa do Funchal, principalmente nas zonas entre o Mercado dos Lavradores, o Anadia, a ‘Sopa do Cardoso’ e a Rua do Bom Jesus. O problema é que se trata de indivíduos sem condições para ter animais de estimação, e muito menos para os controlar. Os ditos cães são vistos com frequência, juntos ou separadamente – e o Funchal Notícias já o testemunhou – a ladrar a pessoas e a persegui-las com grande alarido ao longo de ruas e praças, principalmente à noite. Incomodam também quem passeia os seus animais de estimação. Quando em grupo, já atacaram e mataram pelo menos dois gatos nas imediações, deixando os cadáveres dos pequenos animais estraçalhados no chão, e chegam mesmo a ser incentivados pelos seus “donos” a fazê-lo. “Vão aos gatinhos, vão!”, dizem alguns dos que se passeiam com tais cães, incentivando-os a atacar, por exemplo nas proximidades de um estacionamento na Rua da Fábrica, uma transversal à Rua do Carmo. Os canídeos têm um comportamento de matilha e, quando lhes apetece, carregam sobre tudo o que mexe, correndo desenfreadamente atrás de motociclistas e ciclistas e fazendo perigar o seu equilíbrio e a sua segurança, como várias vezes já testemunhou o FN.

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Noutras circunstâncias, os cães andam deitados por onde querem, dormindo pelo centro da cidade e parecendo os mais pacíficos do mundo… mas na realidade não é assim, é enganadora, conforme nos alertaram vários cidadãos e como já pudemos constatar. Em certos momentos, os cães viram-se para a intimidação e a agressão. E por vezes são mesmo incentivados pelos seus “donos”.

Os ditos sem-abrigo, frequentemente alienados pelo consumo excessivo de álcool, para o que parece existir sempre dinheiro, assumem, ainda por cima, uma atitude arrogante e ofensiva para com quem ousa atravessar-se no caminho dos seus bem-amados canídeos. Ainda anteontem, os cães saltaram para o meio da Rua do Carmo, obrigando o carro de uma senhora a parar repentinamente e a condutora a esforçar-se para prosseguir a marcha, tentando fazer com que os cães se arredassem. Imediatamente, um dos homens que andam com os cães avançou com ar ameaçador para o carro, postou-se no meio da rua e bateu com uma mão sobre o ‘capot’ da viatura, apontando o dedo à condutora. E ali permaneceu de dedo em riste durante o tempo que entendeu, fazendo gestos e afrontando-a, com o ar mais imperativo do mundo.

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Ora, da última vez que vimos, havia legislação neste país que obrigava os animais de estimação a andarem na rua de trela e coleira, e, no caso de animais potencialmente perigosos, de açaime. No Funchal, será que nenhuma destas regras se aplica? É caso para questionar, perante a indiferença com que as entidades municipais, governamentais e policiais têm encarado a moda crescente dos sem-abrigo e de alguns “vadios profissionais” em andarem a passear, pela cidade, com cães e gatos a tiracolo, em alguns casos em carrinhos de bebé e noutros, até com gatos em carrinhos, enfiados em gaiolas… como se fossem pássaros.

Pior ainda… é quando os animais podem ser agressivos e os “donos” até os apoiam em tal comportamento. E ninguém faz nada?