No dia 17 de agosto, pelas 08h30, Ricardo Luz e mulher dirigiam-se para o trabalho. Num dia de aparente rotina, eis que, na Estrada do Garajau, no Caniço, é ultrapassado a todo o transe por um jipe de marca Porsche que quase lhe levava o retrovisor da viatura.
Tudo muito estranho, numa Estrada muito frequentada, que obriga a uma velocidade reduzida, dada a elevada frequência de autocarros de turismo que por ali circulam para os hotéis.
Após a ultrapassagem brusca e a toda a velocidade, o Porsche parou na curva de entrada na Estrada do Garajau, junto ao conhecido restaurante “Frango da Guiia”. Ricardo Luz encostou o carro, dirigiu-se ao condutor do Porsche, um homem de 30 anos, e à frente do carro perguntou-lhe o que se passava. No mesmo momento, o condutor arranca a toda a velocidade para o atropelar. Desde logo, afeta-lhe a perna esquerda, e não fora a destreza de Ricardo Luz em se afastar a tempo, e teria sido gravemente projetado para o passeio. Era certo que o Porsche lhe teria passado por cima.
“Ninguém faz ideia o que eu passeio naquele dia. Tenho carta há mais de trinta anos, já vi muitas infrações na estrada, mas nada como isto. Sou uma pessoa habitualmente calma e cumpridora das minhas obrigações. Nunca tive conflitos com ninguém, A sorte foi que consegui desviar-me a tempo. Mas não posso tolerar esta falta de civismo. Pegar num carro e ir claramente contra outro é crime”, afirma Ricardo Luz ao FN, visivelmente abalado com o desgosto.
Em estado de choque, e com o trabalho à espera – vende carros há mais de 20 anos, no Funchal – dirigiu-se ao Comando Regional da PSP para fazer a participação. Nova desilusão. Tinha de esperar e a resposta foi esta: era preciso aguardar porque estavam muito ocupados ou então que fosse diretamente ao hospital. Optou pela segunda alternativa. No hospital, apresentou a participação e vai levar o assunto para tribunal.
O que o outro condutor desconhece é que Ricardo Luz tomou nota da matrícula do carro que o ia matando. Trata-se de um indivíduo que é filho de figuras bem conhecidas desta Região e que demonstrou não saber estar em público, porque nem o nome nem a marca do carro o livram de prestar contas à justiça. “Talvez os pais nem saibam desta ocorrência e lamento pelo eventual sofrimento que tudo isto lhes possa vir a causar. Até admito. Mas este indivíduo tem de prestar contas do que fez porque vivemos num Estado de Direito e a via pública não é uma selva. Tenho testemunhas do que digo. Aconteceu comigo e amanhã poderá repetir-se com outra pessoa que poderá não saber defender-se e morre”.
Ricardo Luz também desconhece a pressa do condutor do jipe, às 08h30 da manhã, numa Estrada tão movimentada, a exigir abrandamento da velocidade. Fugia de alguém? Tinha consumido álcool durante a noite? Tudo dúvidas que serão escrutinadas em tribunal. Para já, ficou um susto que ninguém apaga.
