Prédios afectados na urbe queimaram devagarinho noite dentro, habitantes do Funchal deambularam pela urbe

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Zona do Matadouro

Fotos: LR

Esta madrugada, entre as quatro e meia e as seis horas da manhã, sensivelmente, demos uma volta ao centro do Funchal, para aferir dos danos causados pelos incêndios em diversos prédios e casas.

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Zona do Matadouro

Encontrámos gente no terreno, a trabalhar, bombeiros, polícias e cantoneiros da CMF, mas confessamos que ficámos algo perplexos ao encontrar vários focos de fogo, embora reduzidos. Como não somos, de modo nenhum, versados no ofício de bombeiro, abstemo-nos de conclusões… Supomos que os bombeiros “deixam arder” os restos finais de um imóvel afectado por um incêndio, até não haver mais matéria combustível…

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Zona de São Pedro

Mas não pudemos deixar de registar os pequenos fogos com a nossa câmara e de ficar algo perplexos, pelo risco que uma simples faúlha levada pelo vento pode representar para uma habitação antiga.

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Zona do Matadouro

Mais estranhámos que o fogo grassava em várias casas destruídas na Rua do Matadouro, por detrás do quartel dos Bombeiros e no local onde presenciámos uma grande explosão, certamente de uma botija de gás, ao final da tarde de ontem, quando o trânsito era caótico no campo da Barca com as pessoas que tentavam desesperadamente fugir do Funchal nos seus automóveis. Muito perto do local a que nos referimos fica a bomba de gasolina da Galp… O que mais nos intrigou. Não se via nenhum bombeiro, mas entretanto chegou um carro da PSP que parou na zona e um agente saiu, observando o edifício e circundando-o.

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Na Rua do Matadouro, perto da bomba da Galp (acima)

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Ali, o panorama era desolador. Dois moradores da zona passavam a noite inquietos, sentados em duas cadeiras e de máscaras para respirar no rosto. Dentro em breve, juntaram-se-lhes outros habitantes da área, que também não conseguiam aquietar e dormir.

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Dentro das casas destruídas, a devastação. Um panorama desolador, à semelhança daquele que fomos encontrar nas proximidades do Centro Comercial de São Pedro, cuja entrada encontra-se encharcada.

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Mas mesmo ao pé, de um lado e do outro da rua, encontram-se vários edifícios inteiramente destruídos, e no interior dos quais lavravam ainda pequenas labaredas. De vez em quando uma pequena rajada ocasional de vento levantava uma nuvem de faúlhas que caíam na rua.

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Percorremos a artéria até à igreja de São Pedro, e entre esta e a igreja, fomos encontrar bombeiros e uma auto-escada. Observavam as imediações e pareciam avaliar se o tecto do templo cristão corria algum perigo. Mas o modo descontraído como se moviam nas proximidades de edifícios que, a nosso ver, podiam colapsar a qualquer momento indicava que olhavam a sua tarefa como apenas de rescaldo.

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Encontrámos vários animais abandonados, assustados e sedentos nas ruas da cidade. E também humanos que pareciam não saber bem aonde se dirigir. Um senhor de meia-idade que estava em frente da igreja de São Pedro a observar o trabalho dos bombeiros confidenciou-nos que morava perto da Rua do Matadouro, mas tinha receio de voltar para casa. Pensara dirigir-se ao quartel do RG3, para passar a noite, mas mudara de ideia. E passara a noite toda a vaguear, esperando que nascesse o dia.

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Novos focos de fogo nas zonas altas do Funchal, talvez Monte…
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E o céu tornava-se rubro à distância…

Estivemos dentro de prédios ainda ligeiramente em chamas, fotografamos, voltamos para casa. Entrámos quando nos apercebemos, â distância, de mais um fogo numa zona mais alta do Funchal, talvez para baixo do Monte. O ruído das labaredas ouvia-se à distância, bem como, aparentemente, uma garrafa de gás a explodir ao longe. Escrevíamos este texto quando de repente faltou a luz.  Os problemas do Funchal ainda não estão terminados…

Update: a luz voltou uns quinze a vinte minutos depois, o que nos permitiu publicar este singelo texto às 6h45, sensivelmente…