Ano fraco de cereja miúda não agrada consumidores e provoca apreensão nos agricultores

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Fotos FN

A cereja e os frutos da época pintalgam as nossas ruas de cor e de múltiplos aromas. Uma cidade que, como diria o saudoso poeta Cesário Verde, “daria uma tela”. Acontece que nem sempre o colorido e a variedade das frutas da época mostram o verdadeiro sentir dos agricultores, neste caso encoberto com um certo travo a desilusão.

Este ano, não é ano de cereja, nem de outros frutos da estação. Quem o conta ao FN é pai e filho da família Barros, do Jardim da Serra, que há anos ruma até ao Funchal para vender a preciosa e aromática mercadoria, seja nos stands de rua seja num pequeno recinto comercial recém-aberto na Rua Visconde do Anadia.

A cereja, de formato mais farto, está à venda por 3,5 euros ao quilo. São 17h30 e ninguém lhe pega, desabafa o vendedor. “As pessoas querem é a cereja miúda e saborosa. Hoje ainda não vendi um quilo que fosse. O ano passado, por esta altura, vendia numa só dia dezenas e dezenas de quilos…”

cereja 4O pai, de olhar atento à conversa, puxa da experiência e explica o sucedido: “Isto aguentou muito tempo sem chover e ficou tudo seco. A cereja miúda, mais procurada, deu pouco. O mesmo acontece com o castanheiro. A natureza troca-nos as voltas às vezes”.

A natureza prega as suas partidas aos produtores mas eles insistem e, por entre a fruta importada e natural da terra, arriscam a sorte nas ruas, debaixo de calor e da poluição urbana. Afinal, há que pagar as despesas e a licença de vendedor ambulante tem regras para cumprir à Câmara, entre outros fornecedores.