O Eng. Rui Vieira, como era mais conhecido, é uma referência cultural incontornável na história da Madeira. Poderá dizer-se que foi uma figura multifacetada, com vários atributos, desde a sua ligação histórica à agricultura e botânica até mesmo à sua passagem pela política regional, nacional e europeia.

O Jardim Botânico presta-lhe a devida homenagem, ostentando o seu nome e bem pode dizer-se que, apesar das causas políticas que defendeu, o seu bom trato granjeava admiradores da direita à esquerda.

O FN recorda, por exemplo, a  forma simples com que se dispunha, na qualidade de técnico rigoroso, a esclarecer os jornalistas que o solicitavam sobre diversos aspetos da botânica insular e da agricultura em geral, bem como sobre os assuntos políticos polémicos da atualidade, perante os quais definia o seu pensamento sem lisonjas ou rodeios.

Nascido a 29 de março de 1926, em São Martinho, Rui Vieira fez os estudos superiores em engenharia agronómica, no Instituto Superior de Agronomia, já na década de 50 do século passado.

No Estado Novo, a Junta Geral do Distrito Autónomo de Lisboa cria, na Quinta do Bom Sucesso, o Jardim Botânico da Madeira, sendo o Eng. Rui Vieira o seu primeiro diretor. Começava assim um amor eterno deste homem pelas plantas e por um espaço de referência na história da flora madeirense, a ponto de o Governo Regional dar, em 2009, o seu nome a este famoso Jardim.

Apesar de ser um curioso e estudioso dos fenómenos agrícolas (as suas pragas), foi chamado à política ainda na década de 60, como deputado à Assembleia Nacional e, mais tarde, entre 1971-1974, assume as funções de presidente da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal. Apesar da mancha do Estado Novo, esta figura nunca foi associada aos desmandos do Salazarismo, marcando a sua atividade pela competência e humanismo.

Ao longo dos governos pós-25 de abril, assumiu funções ora como diretor de serviços para a agricultora ora ainda como assessor da vice-presidência. Mais tarde, foi chamado a exercer as funções de deputado ao Parlamento Europeu, entre 1995 e 1997,  eleito pelas listas do CDS na qualidade de independente. Dos seus vários filhos, apenas Ricardo Vieira, advogado e deputado na Assembleia pelo mesmo partido do pai, seguiu as suas peugadas políticas.

O FN enaltece o valor do Eng Rui Vieira pelo contributo que deu à agricultura e botânica regionais, em alturas particularmente difíceis.