ACIF confiante: Escândalo trará vantagens à praça financeira da Madeira

acifA presidente da Associação de Comércio e Indústria do Funchal (ACIF) está convencida de que a imagem do Centro Internacional de Negócios da Madeira sairá reforçada, após o apuramento dos contornos e responsáveis visados no recente escândalo financeiro conhecido por ‘Panama papers’.

Assumindo uma posição de confiança na transparência e credibilidade do CINM, Cristina Pedra acredita que a exposição pública de situações opacas e ilícitas ocorridas em paraísos fiscais estrangeiros será uma forma de separar o ‘trigo do joio’, com vantagem para o sistema regional.

“Acredito que esta situação poderá trazer benefícios para a Madeira”, sublinhou a responsável, esta tarde, à margem de um evento comemorativo dos 180 anos da ACIF, justificando a sua análise nas diferenças de matriz garantidas pelo modelo do CINM. “Demarca-se de outros centros offshore, precisamente porque não é uma praça offshore. É, pelo contrário, um centro credível que passou no crivo das instituições europeias e nacionais e nos mecanismos de supervisão legais. A Madeira pode ser dada como um exemplo nesta matéria. A própria OCDE já confirmou a transparência do CINM. As empresas ali licenciadas, à semelhança de qualquer outra, estão obrigadas a normas de supervisão, controle e inspeção, sem qualquer privilégio que lhe permita qualquer omissão de dados.”

(Foto Rui Marote)
(Foto Rui Marote)

Considerando ser um equívoco confundir o CINM com aquilo que se conhece como paraíso fiscal, fora da alçada dos sistema de controlo e de partilha da informação, Cristina Pedra mostrou esperança na clarificação e resolução de muitos problemas que enfermam grande parte das praças offshore, algo que só poderá ser concretizado de formal global e no plano internacional. “É preciso exigir transparência nos negócios e criminalizar situações ilícitas muito graves que acontecem na esfera dessas praças como o tráfico de drogas e de armas, o branqueamento de capitais”.

A questão de um presumível envolvimento de empresas sedeadas no CINM em esquemas de branqueamento de capitais associados ao escândalo da Mossack Fonseca tem surgido de vários quadrantes políticos. O escândalo já fez abalar governos e envolve, até agora, doze chefes de Estado ou de governo e outros 33 políticos e funcionários públicos. Nomes revelados numa gigantesca fuga de informação de mais de 11 milhões de documentos que põe a nu a forma como dirigentes políticos, figuras poderosas e burlões de várias áreas usam os paraísos fiscais para fazer fortunas à margem da lei.