Nova orgânica causa descontentamento nos defensores da agricultura biológica

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A preocupação foi transmitida ao FN por quem anda no terreno e constata a grande adesão dos madeirenses a este tipo de agricultura mais saudável, cuja procura é cada vez mais crescente. Com indisfarçável ironia, comentam: ” A Secretaria passará agora a apoiar cursos de formação aos agricultores para usarem venenos mais potentes…”

Contactada a Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, a informação é que houve uma mudança em nome da racionalização de meios e recursos mas a intenção é manter o apoio à agricultura biológica. “Não há retrocesso nenhum. Antes pelo contrário. Haverá mais eficácia no terreno. O apoio mantém-se. A única alteração, e que se prende com a nova orgânica, é a substituição de uma Direção de Serviços por uma Chefia de Divisão com equipas de apoio da Biológica. Neste quadro, conseguimos fazer mais e melhor e com menos custos”.

Outras questões são também tidas em conta neste processo de mudança, segundo nos foi transmitido pelo responsável pela comunicação: “Atualmente, as condições físicas são muito deficitárias passando toda a equipa para as instalações do Governo, com outras condições e um maior acompanhamento da tutela. Devido à grande procura de produtos biológicos no Mercado de Agricultura Biológica, o Governo já aumentou os espaços comerciais permitindo que mais alguns produtores possam usufruir do acesso ao Mercado”.

Apesar das questões orgânicas, a Secretaria de Humberto Vasconcelos diz apoiar a chamada agricultura natural, anticonvencional: “O serviço de apoio aos agricultores biológicos continua e continuará a existir na Secretaria Regional de Agricultura e Pescas (SRAP). Não só para os Agricultores biológicos como para todos os agricultores e pescadores. É um desígnio deste governo ter os técnicos no terreno sempre em proximidade do agricultor. No Programa de Governo está explanado a importância da agricultura biológica e o objetivo que este governo tem: “Manter em linha o aprofundamento e consolidação da agricultura e pecuária biológica, como impulsionar outros métodos e práticas agronómicas sustentáveis, casos da Proteção e Produção Integrada””.

mercado agricultura Incentivos aos produtores

Por outro lado, os incentivos também estão previstos, assegura o governo: “Neste momento, são vários os apoios para os agricultores que queiram dar início a uma cultura biológica. Por exemplo, no PRODERAM 2020, há uma majoração para os projetos biológicos, onde o agricultor pode ser financiado até 75% a fundo perdido. Por outro lado, existe o apoio da SRAP na concretização de projetos que até 10 mil euros são gratuitos”.

Em relação aos cursos “para os agricultores utilizarem venenos mais potentes, e assim prejudicarem o ambiente” é um comentário que não colhe junto da tutela. “Os cursos, que são uma imposição europeia, têm exatamente o objetivo contrário. Trata-se de uma formação, para que os agricultores, em segurança, saibam usar de forma criteriosa e correta este tipo de produtos. Só poderá ter acesso aos produtos fitofarmacêuticos quem tiver aproveitamento no curso. Uma formação de especial importância para regular e controlar a compra de fitofarmacêuticos”.