No centenário de Maria Mendonça (ex-directora do Re-Nhau-Nhau e do Eco do Funchal)

RenhauNeste ano de 2016 assinala-se o centenário de nascimento de Maria (da Trindade de) Mendonça (1916-1997), notável jornalista e escritora, natural dos Açores, mas que viveu a maior parte da sua vida na Madeira. A sua sensibilidade feminina, aliada a uma criatividade pioneira, deixou marcas em vários projetos. A sua passagem pelo jornal Eco do Funchal, desde 1951, primeiro como chefe de redação e depois como diretora, foi notável. Segundo as suas próprias palavras: “Este jornal era de periodicidade semanal e mudei-o para tri-semanário e introduziu-lhe várias secções, sobretudo culturais e recreativas, em especial «Cultura & Recreio» e «A Canoa», organizada por Maria do Carmo Rodrigues”.
Maria Mendonça foi ainda diretora e proprietária do jornal satírico Re-Nhau-Nhau, correspondente de outros jornais e fundadora da primeira “Casa Editora do Arquipélago da Madeira”, onde publicou obras valiosas como “Arquipélago da Madeira – Maravilha Atlântica”, da autoria de Maria Lamas; “Musa Insular”, de Luís Marino; “Falares da Ilha”; “Sé do Funchal”; e a colecção de livros infantis “A Canoa”. Publicou também um guia turístico da Madeira, em várias línguas; e a revista turística “Semana da Madeira”, em colaboração com Aragão Correia, Carlos Lélis e Aníbal Trindade.
Foi uma mulher dos “sete ofícios”, tendo-se também destacado na realização de encontros literários, tertúlias, principalmente no Pátio, à Rua da Carreira, com a presença de Maria Lamas e Etelvina Lopes de Almeida, entre outras personalidades de renome e desafiadoras para o regime político da altura. Organizou conferências e palestras de variada temática, e dinamizou exposições com artistas plásticos madeirenses, na Madeira e nos Açores. E no continente português foi a primeira pessoa a apresentar obras de autores insulares na Feira do Livro de Lisboa, nos anos de 1954 e 1955.  Algumas obras da sua autoria:  A Madeira vista por Intelectuais e Artistas Portugueses (1954); Presença Madeirense no Brasil (1958); Grupo Folclórico de São Miguel (1958); Guia Turístico: Isto é a Madeira (1960); Os Açores através da Saudade (1991)…
(por Maria Rodrigues)