O atuneiro madeirense “Gavina” foi o selecionado para transportar a imagem de Nossa Senhora da Piedade nas duas procissões de mar que terão lugar, esta tarde e amanhã, naquela que é a festa maior do Caniçal, zona tradicionalmente ligada à pesca do atum e do gaiado.

O sorteio foi feito entre as tripulações dos mais de 35 atuneiros que estarão presentes na festa e este ano coube ao “Gavina” a honra de trazer a imagem da Capela da Piedade à igreja matriz do Caniçal e fazer o trajeto inverso, amanhã à tarde.

Ao final do dia de ontem, o porto do Caniçal exibia já um ar muito festivo com o colorido de milhares de bandeiras amarradas aos postes dos barcos. O “Gavina” distinguia-se do conjunto pela decoração diferente, de bandeiras brancas e azuis claras, as cores de Nossa Senhora. A bordo, mulheres esmeravam-se na organização de arranjos florais, de forma a tornar o barco digno de tão importante tarefa.

A procissão marítima da Festa de Nossa Senhora da Piedade, no Caniçal, é o ponto alto dos festejos, quer pela afluência de pessoas e barcos, quer pela devoção e tradição.

Segundo apurámos, o resultado do sorteio agradou à maioria, uma vez que o “Gavina, pelo seu porte intermédio, conseguirá fazer a transferência da imagem diretamente do barco para o pequeno molhe junto
à capela, na Quinta do Lorde. Quando acontece ser em barcos maiores, o processo torna-se mais complicado, exigindo o recurso ao transbordo para embarcações mais pequenas.

A saída da procissão tem hora marcada para as 14.30 desta tarde do porto de pesca do Caniçal. Depois de uma curta viagem, em que o “Gavina” segue ladeado por largas dezenas de outros barcos engalanados, os fiéis seguem a pé colina acima até à capela no Monte Gordo onde recolhem a imagem que será trazida até ao final da tarde para a igreja da localidade. Esta noite e amanhã de manhã há lugar às eucaristias em honra da Virgem, padroeira dos pescadores.

Pelas 3 horas da tarde de domingo, nova procissão de barcos faz regressar a Santa à capela de origem. Durante as viagens, toca a banda, são cantados hinos e rezadas orações em sinal de graças, em que se pede também proteção aos homens do mar.

Facto curioso é que a Festa de Nossa Senhora da Piedade arrasta multidões, de novos e velhos, na procissão e no transporte do andor em todo o trajeto a pé de ida e volta. Os barcos estão abertos a toda a população que quiser associar-se ao evento. A generosidade dos armadores e tripulações expressa-se na oferta de bebidas e sandes aos passageiros.

O FN testemunhou a azáfama que se vivia ao final a tarde de ontem no porto daquela localidade piscatória, já animada por dezenas de barracas de comes e bebes, palcos de animação e estruturas de entretenimento de feira.