Encontro das Comunidades suscita grande participação com elogios, críticas e sugestões

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Foram muitos os elogios ouvidos neste I Encontro das Comunidades, inclusive a Jardim, mas também críticas e sugestões que passam por uma articulação institucional entre governos, partidos e instituições. Mais estruturas de apoio, maior atenção aos jovens e aposta nas novas tecnologias foram algumas das ideias desenvolvidas ao longo da manhã, quer presencialmente, quer via internet, a partir do Funchal.

Sérgio Marques, que coordenou uma sessão muito concorrida e com uma participação alargada, garantiu que estes contributos são fundamentais para legitimar as futuras políticas do Governo Regional em matéria de emigração, sustentando ser necessário apostar nas gerações de luso descendentes e nos jovens mais qualificados que caracterizam o novo fluxo emigratório.

Através da plataforma Skype, vieram os seguintes contributos:

Instituto de Apoio às Comunidades Madeirenses. A proposta veio da África do Sul pela voz de Manuela Rosa, que vê nesta nova figura uma forma de melhorar as atribuições do atual Centro das Comunidades. A conselheira defendeu ainda a necessidade de retomar o direito das comunidades em participar na eleição do Presidente da República.

Emigração sem qualificação em Guernsey. José Carlos Gomes, há mais de 50 anos no Reino Unido, apelou ao Governo Regional uma atenção especial nas políticas de acolhimento àqueles conterrâneos que, por não deterem qualificações necessárias à residência permanente nas Ilhas do Canal, terão de voltar à Madeira.

Ligações marítimas entre a Madeira e o Continente. Carlos Nunes, a partir de Jersey, disse ser urgente a ligação que terá benefícios não só para os emigrantes e população local como também no escoamento dos produtos regionais.

Plataformas digitais. Jo-Anne Ferreira, docente universitária e representante das comunidades em Trinidad e Tobago, sublinhou os fortes laços que existem entre os madeirenses radicados no Caribe com a sua terra, uma ligação com mais de 80 anos e que poderá sair fortalecida com o recurso às novas tecnologias.

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Também de viva voz, no Salão Nobre do Governo, várias personalidades fizeram eco das preocupações, desafios e ideias partilhadas pelos milhares de madeirenses pelo mundo.

Continuidade do trabalho realizado pelo governo de Jardim. O pedido foi feito por Alexandre Mendonça, o sacerdote radicado na Venezuela há 48 anos. Com ação pastoral na Diocese de Caracas, lembrou que é preciso continuar o que é bom, acreditando na sensibilidade e contributo do novo Executivo no sentido de promover raízes de esperanças, num país onde a insegurança afeta toda a população venezuelana.

Aposta na juventude. A proposta é de José António Gonçalves, membro do anterior Conselho das Comunidades, a residir na Bélgica. defendeu a criação de uma plataforma capaz de congregar os luso descendentes e os jovens que emigram em busca de emprego. “São ponta de lança na internacionalização da economia da Madeira”, disse, sublinhando que os madeirenses constituem já 8,5% dos 15 milhões de portugueses espalhados pelo mundo.

Perfil económico e comercial. Sandra Gomes, uma jovem luso descendente da Venezuela, considerou importante gerar sinergias entre a experiência dos mais velhos e o gosto pela inovação dos mais novos, criando-se um novo perfil de potencial económico no seio das comunidades.

Museu da Diáspora. Olavo Manica, dirigente associativo ligado à emigração, entende ser uma dívida e um dever do Governo Regional a criação de núcleo museológico sobre as comunidades madeirenses. Defendeu ainda a criação de um gabinete de apoio permanente dos investidores e de equiparação académica, de forma a atenuar muitos constrangimentos.

Na rota do investimento estrangeiro. Cristina Correia, jovem a residir no Reino Unido, exortou cada emigrante a contribuir no empreendedorismo e na internacionalização dos produtos regionais, ajudando a atrair investidores estrangeiros a apostar na Região, com vista à criação de projetos e aos desenvolvimento de postos de trabalho.

Gabinetes de apoio ao emigrante e do investidor da Diáspora. As ideias foram apresentadas por Manuel Luz da Silva, a exemplo do que já acontece em várias autarquias no Continente. Uma forma de orientar os potenciais investidores a beneficiarem dos apoios comunitários. O antigo elemento do Consulado da Venezuela na Madeira pediu ao Governo Regional para subscrever a proposta do CDS nesta matéria.

Língua portuguesa. João Paulo Cruz lamentou a falta de apoio do Instituto Camões e do Governo da República no ensino da língua nacional, afirmando que no Centro Social de Caracas, uma instituição que conta com mais de 12 mil sócios, há cerca de 220 pessoas interessadas em aprender o português. O representante apelou ainda a um reforço nas emissões do canal nacional.

Espólio literário. Zita Cardoso, investigadora madeirenses, anunciou a cedência de grande parte de revistas e livros ao Centro das Comunidades Madeirenses, publicações que servirão de base a trabalhos de investigação sobre a diáspora.

O 6º continente. A expressão veio de Carlos Magno, o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social e refere-se a um novo espaço que não geográfico, mas digital: a internet. “É preciso pensar digital e partilhar a globalização”, defendeu. “Estamos à distância de um clique e é preciso que a Comunidades encontrem nesse espaço oportunidades de cooperação e comunicação”.