Dois anos após os incêndios, Casa dos Romeiros sem reconstrução à vista

Foto Rui Marote
Foto Rui Marote

Apesar do colorido da festa, a Casa dos Romeiros, antigo espaço de acolhimento dos peregrinos, nas imediações da Igreja do Monte, atravessa um dos seus períodos mais tristonhos. A imagem revela o tom desbotado e as marcas da destruição infligida pelos incêndios de 2013.

Passados dois anos, a Casa continua à espera de obras de recuperação. Sem telhado e com o interior completamente calcinado, o edifício, outrora abrigo dos milhares de devotos que percorriam a ilha à pé com destino à Festa de Nossa Senhora, aguarda uma intervenção técnica urgente, de forma a evitar o desaparecimento do que ainda resta.

O imóvel, parte integrante das construções que ao longo dos séc. XVIII e XIX foram surgindo na área, por força da devoção à Virgem, foi devorado pelas chamas, faz este mês precisamente dois anos, durante os grandes incêndios que deflagraram nas serras e zonas altas do Funchal. A freguesia do Monte foi uma das localidades mais afetadas pela catástrofe, registando a destruição de dezenas de edifícios, incluindo habitações.

O perímetro da Igreja do Monte e do Largo da Fonte chegou a estar seriamente ameaçado pelo fogo. A Casa dos Romeiros, paredes meias com a igreja, não conseguiu ser salva. Perdeu-se parte da estrutura e todo o seu recheio. Houve perigo iminente de o fogo se propagar ao templo principal. As autoridades eclesiásticas chegaram a temer pela integridade da Igreja do Monte e de todo o seu espólio, ao ponto de a pequena imagem da Virgem ter sido transferida temporariamente para o seminário diocesano, onde ficou a salvo das chamas.

A Casa dos Romeiros, ou Casa das Confrarias, é um importante marco da história e da cultura da localidade. Construída no séc.XVIII, foi durante muito tempo pertença de diversas confrarias associadas ao culto de Nossa Senhora do Monte, uma devoção muito antiga que remonta aos finais do séc. XV. Foi posteriormente transformada em Casa da Cultura, onde chegou a estar patente

Há quem acuse a demora nas obras de reconstrução e peça celeridade na empreitada. A memória associada ao edifício pede mais atenção e respeito. Entre Diocese, Governo, Câmara ou privados, o importante é que se articulem vontades.