Há 45 anos, falecia Salazar, um dos ditadores mais longevos da Europa

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Passam hoje 45 anos sobre a morte de António de Oliveira Salazar, aquele que, a par do espanhol Francisco Franco, teve a duvidosa honra de se tornar, em finais dos anos 60, um dos últimos ditadores da Europa, símbolo de um passado de fascismo e nacionalismo que muitos desejavam esquecer. Não passou do primeiro ano da década de 70, sofrendo das sequelas de uma controversa queda, que lhe terá causado traumatismos cranianos e possivelmente terá resultado de acidente vascular cerebral.

A famosa ‘queda da cadeira’ terá finalmente afastado Salazar do poder após longas décadas à frente dos destinos da nação, mas não é pacífico que tudo se tenha passado como habitualmente é aceite.

Segundo a versão mais corrente, Salazar terá caído de uma cadeira de lona quando se encontrava no Forte de Santo António, no Estoril, a 3 de Agosto de 1968. O seu crânio terá embatido nas lajes do terraço daquela fortaleza, onde habitualmente veraneava. Terá ficado combalido com a queda, mas pedido para que não fossem chamados médicos.

Outra versão diz que Salazar não caiu efectivamente de uma cadeira, mas terá tentado sentar-se onde julgava que a mesma se encontrava. Só que a cadeira tinha sido movida e Salazar terá tombado desamparado, no chão.

Finalmente, uma outra testemunha refere ainda que Salazar terá caído não numa cadeira, mas na banheira.

Em quem acreditar? O que é certo é que só três dias depois o médico do chefe de Estado terá tomado conhecimento do incidente. E apenas mais de uma quinzena depois dos acontecimentos é que Salazar terá admitido sentir-se mal. É levado pelo médico, Eduardo Coelho, e pelo director da PIDE, Silva Pais, ao hospital de São José. Acabou por ser operado, embora os médicos discordassem quanto ao diagnóstico, se trombose, se hematoma intracraniano.

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Depois da operação, nunca recuperará inteiramente. Marcello Caetano é chamado para substituí-lo a 27 de Setembro por Américo Tomás. Até ao fim dos seus dias, Salazar, diminuído nas suas faculdades, continurá convencido de que permanece o presidente do Conselho, e ninguém o contrariará.

Assim partiu, após uma longa noite de ditadura e repressão, aquele que, sendo, em última análise, responsável pela repressão das liberdades individuais, por tantas mortes de soldados portugueses numa guerra sem sentido e até pelo assassinato de opositores políticos como Humberto Delgado, o ‘general sem medo’, mesmo assim, para muitos portugueses, encabeçou durante décadas um culto da personalidade que o tornou na encarnação de uma espécie de redentor e de ‘pai da Pátria’. Teve o mérito, pelo menos, de jogar inteligentemente para manter Portugal afastado da Segunda Guerra Mundial. Hoje em dia, não são já muitos os seus fãs. Mas ainda os tem.

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