“Curiosamente”, a ideia terá sido do primeiro-ministro holandês

pedro passos coelho

Declarações recentes do presidente do Conselho Europeu num jornal grego deitam por terra a versão do primeiro-ministro português de que teria sido ele a avançar com a ideia de usar o fundo de privatizações para recapitalizar a banca grega.

Donald Tusk, quando questionado sobre quão perto se estaria do Grexit, aquando das negociações, descreveu a situação que se terá passado com o primeiro-ministro holandês, nunca fazendo referência a Passos Coelho. Aliás, as declarações são claras e apontam no sentido de que a ideia do trust de 50 mil milhões de euros, que vai absorver o espólio que for vendido nos próximos anos, partiu do chefe de governo da Holanda e não de Passos Coelho, como o próprio avançou publicamente.

“O primeiro sinal de que tal poderia ser aceite foi uma mensagem escrita do primeiro-ministro holandês, [Mark] Rutte. Quando lhes mostrei a proposta de Rutte de que 12,5 mil milhões do fundo poderiam ser usados para pagar a dívida e que 12,5 mil fossem para o investimento, ninguém se mostrou particularmente impressionado, mas a partir daí ficou em cima da mesa”, explicou Donald Tusk, citado pelo jornal Ekathimerini.

Estas declarações chocam com a afirmação do primeiro-ministro português, que, esta segunda-feira, disse aos jornalistas que o uso do fundo de privatizações para a recapitalização da banca tinha sido ideia sua.

“Devo dizer até que, curiosamente, a solução que acabou por desbloquear o último problema que estava em aberto, que era justamente a solução quanto à utilização do fundo [de privatizações], partiu de uma ideia que eu próprio sugeri. Quer dizer que até tivemos, por acaso, uma intervenção que ajudou a desbloquear o problema”, disse Passos Coelho, numa conferência de imprensa dada no final da cimeira da zona euro.

A declaração do chefe de Estado não tardou em gerar reações, tendo mesmo sido criada uma hashtag – #PorAcasoFoiIdeiaMinha – que serviu de ponto de partida para muitas brincadeiras.