A Desordem. O fim do “Advogado” dos advogados

Paulo Pita da Silva

 “ Existe no silêncio uma profunda sabedoria que às vezes ele se transforma na mais perfeita resposta.”

Fernando Pessoa

 

                O silêncio, a atitude dos Homens retos e sábios, é uma virtude que temos de cultivar, e nesse aspeto Fernando Pessoa muito nos ensina nos seus escritos.

Em contraponto, por vezes o silêncio não será virtude mas sim cobardia, um vazio, uma tentativa de esconder a impotência. Já dizia o antigo filósofo e poeta Sófocles [496-406 A.C.] in Antigona:Há algo de ameaçador num silêncio muito prolongado.” Pois haverá, certamente que indubitavelmente haverá.

Hoje a profissão de advogado é representada, por pessoas legitimamente eleitas. A “Advogada dos advogados”, escolhe um caminho perigoso, dúbio e de resultados fracos, demonstrando politicamente, naquilo que interessa à classe, uma falta de capacidade, de influência estratégica, de capacidade de mobilização e resposta aos advogados.

Estou farto de ouvir falar no cidadão. Eu sou cidadão e sou advogado, e quero alguém que me e nos defenda, e quiçá, de alguém dotado de agenda própria idêntica à precedente.

Nesta desordem esconde-se um silêncio que em vez de servir para delinear e pôr em prática atos que nos defendam, acabam por nos atacar, o que é demonstrador de incapacidade. A demagogia do silêncio, sozinha, de nada vale.

O silêncio, enquanto ato de inteligência serve e deverá sempre servir para escutar, refletir, mitigar emoções, mas depois carece de ações. Carece, pois, de coisas palpáveis como palavras, atos e/ou demostrações do crescimento. Caso contrário, o silêncio é cobardia.

Escrevo isto depois de tristemente saber que a minha Ordem se alienou da verdade. Alienou-se de defender os meus tempos vindouros, através da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitares, matando a minha expectativa de reforma, e a de muitos colegas a possibilidade dos seus pagamentos.

O que se fez? Nada! Acusam-se uns aos outros, mas aquilo que era necessário fazer não foi feito. SILÊNCIO! Mas auferem um valor bem alto, e ainda têm direito a um contributo de reintegração. Para quê? Ao que parece para atacar a sua “amiga de estimação” a Sra. Ministra da Justiça (que muito tem feito para acabar com a classe), não nas políticas ou com ações de interesse, pois preferem as capas de jornais e tempos de antena que em nada dignificam a Toga.

            O resultado prático tem-se consubstanciado no contínuo descrédito da classe, no afastamento dos advogados dos tribunais, dos contratos e dos seus maiores interessados: os Clientes. Clientes sim, porque ser advogado é uma profissão, embora mal amada devido a meia dúzia, que esta “Advogada” não consegue defender condignamente. Não me defendeu aquando da alteração estatutária na CPAS, da suspensão dos pagamentos aos advogados oficiosos, da incúria de muito em breve ter de ser vistoriado por um Magistrado no exercício das minhas funções de Advogado (onde já se viu ser um magistrado, seja ele de que Magistratura for, a verificar a atuação dos advogado? Que advogado serei eu?).

            Mais uma vez, que fizeram os nossos representantes? SILÊNCIO! Escondem-se cobardemente nesse exercício de inteligência que aos poucos por clara fraqueza e destempo nada fazem.

            É com saudade que recordo Pires de Lima, Maria Serra Lopes, e outros, que usaram a toga a favor da classe e para a classe.

             Ser simpático, afável, elegantemente sorridente não é suficiente para defender a classe. Tem de existir um rumo, ações em prol da classe, em prol dos advogados e em prol da justiça, para que esta funcione para todos os cidadãos.

Disse.