Paul do Mar apressa-se na calçada

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Helena Mota (texto e fotos)

Decorrem a todo o vapor obras de requalificação na zona antiga do Paul do Mar. Dezenas de operários, maquinaria pesada e muito material de construção dão um ar de estaleiro ao pacato lugarejo que circunda a igreja matriz.

Parte do emaranhado de ruelas e veredas apresenta já um novo “tapete” a preto e branco, oferecendo aos passos um ar de arrumo à moda de outros bairros. Vem à ideia o nosso calhau, rolado ou lascado, tão nosso como da ilha que o expeliu. Cuidado, não pisar o puzzle acabado de arrumar! Afinal, saudosismos não fazem chorar pedras da calçada.

Perto da zona do cais, os calceteiros continuam, metro a metro, a acrescentar pedrinhas de calcário “cubano” e basalto “vilão” em formas e motivos marinhos. São dez ao todo, de uma só empresa, a trabalhar consecutivamente desde janeiro último. Alinham os cubos de olhar pregado ao chão, esquecidos do azul do céu e do arrulhar do mar que, tal gaiato malandro, os atiça a cada onda desmanchada nos pedregulhos.

“Vamos a tempo de inaugurar antes de 25 de abril?”. A pergunta motiva sorrisos e encolher de ombros. Os velhos que aquecem ao sol na esplanada dividem-se nas opiniões. Uns garantem que não. “Impossível acabar antes de maio.” Outros que sim. “Antes de sair, o Jardim ainda vem inaugurar isto e o hotel da Calheta.” Ao lado, o martelo pneumático apressa-se a interromper a conversa. De resto, ninguém está interessado em pormenores. Os homens das obras avançam mais um lanço de pedra na curta promenade encolhida entre o calhau e as casas que crescem encavalitadas mesmo ali “à babujinha”. No Paul, o caminho corre a grande velocidade. Fica por saber se para fugir ou se para apanhar a onda.

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