BE promete avançar com pacote de medidas sociais na Assembleia Legislativa Regional

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Uma alegria esfuziante viveu-se esta noite na sede do Bloco de Esquerda, à Rua Brigadeiro Oudinot. A alegria estava estampada nos rostos e, na realidade, não era para menos: arredado do parlamento regional durante a passada legislatura, condenado a uma travessia do deserto, o Bloco regressa agora à Assembleia Legislativa com nada mais, nada menos do que um, grupo parlamentar constituído por dois deputados, tantos quantos os conquistados pela CDU, que nesta eleição conseguiu o seu melhor resultado de sempre.

Roberto Almada e Rodrigo Trancoso representarão, assim, no hemiciclo os interesses dos votantes do Bloco. E prometem, fazê-lo com garra e determinação.

“Desde logo, tentaremos avançar com propostas do ponto de vista social. Não podemos continuar a ter milhares de idosos sem ter o que comer. Não se pode continuar a ter idosos que deixam medicamentos na farmácia. Não se pode continuar a ter crianças que vão para a escola e desfalecem lá porque, em casa, os pais não têm dinheiro para lhes dar a comida de que necessitam”, disse ao Funchal Notícias.

Assim, entre as primeiras propostas que o Bloco pretende apresentar, está um pacote de medidas sociais que contempla a atribuição do complemento de reforma e de pensão às pessoas idosas e desfavorecidas, como existe nos Açores. “Não é nenhuma novidade, e é de toda a justiça que os idosos, reformados e pensionistas que ganham menos que o salário mínimo nacional tenham esse complemento; apresentaremos uma proposta no sentido de que nas escolas se garanta uma refeição quente por dia a todos os alunos dentro da escolaridade obrigatória, sobretudo aqueles que têm graves dificuldades em casa para garantir essa alimentação; mas apresentaremos ainda outras propostas”.

Roberto Almada relembrou, com emoção, Paulo Martins
Roberto Almada relembrou, com emoção, Paulo Martins

Desde logo, uma delas será uma auditoria à dívida da Região: “Nós temos que saber quem fez esta dívida, porque a fez, se na contracção da dívida existiu irresponsabilidade que lesou os interesses da Madeira e dos madeirenses”, sublinha Roberto Almada, que garante ainda que o Bloco vai apresentar todo um leque de medidas legislativas no sentido de estancar a austeridade.

“A austeridade falhou. Não há nenhuma pessoa de bom senso que diga que a dupla austeridade na Madeira deu bons resultados. Apenas desvalorizou salários e pensões, causou falências de empresas e desemprego, e empobreceu ainda mais a Madeira e os madeirenses”, realçou. Por isso, o Bloco vai pugnar pela reivindicação do Governo Regional recém-eleito, junto do Governo da República, para “acabar com este sofrimento”.

Garantir que a TAP volte a ter obrigações de serviço público para com a RAM é outro dos objectivos, em concertação com o grupo parlamentar do partido na Assembleia da República.

Para esbater a dupla insularidade no Porto Santo, o Bloco de Esquerda vai propor benefícios fiscais para as PME’s porto-santenses que efectivamente precisam de ajuda. Uma ligação marítima de serviço público entre a Madeira e o Porto Santo, com preços mais baixos, e uma linha marítima enre a Madeira e o continente português estão também no horizonte das propostas a apresentar.

Ontem, na conferência de imprensa na qual o BE celebrou o regresso ao parlamento, Roberto Almada relembrou o histórico Paulo Martins, entretanto falecido. O mesmo estaria indubitavelmente feliz com a conquista, pela primeira vez na RAM, de um grupo parlamentar pelo BE. E, em sua intenção, foi convocada de entre os presentes uma salva de palmas.

Almada considerou ainda que a opção por não integrar a coligação Mudança foi acertada. “Aquilo que todos os dias nos diziam, que o Bloco fazia falta no parlamento, era verdade”.

O presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, mandou ontem uma mensagem de parabéns ao Bloco, pelos resultados alcançados. Vários dirigentes nacionais do partido também endereçaram mensagens de parabéns.

“Teremos um BE mais forte não só na Madeira mas também a nível nacional, a caminho das próximas eleições para a Assembleia da República”, exultou.

Para o líder do BE na Madeira, os resultados agora obtidos traduzem o trabalho efectuado pelo partido durante todo o tempo que esteve fora do parlamento: “Nós nunca virámos a casaca, nunca saltámos pocinhas, nunca abandonámos a Madeira  e os madeirenses. A confiança das pessoas transformou-se em votos. Temos uma responsabilidade muito grande, e não defraudaremos aqueles que em nós votaram”, garantiu.

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