E, foi assim que, num ápice ficámos pobres

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A Madeira e o Porto Santo vivem um dos momentos mais críticos desde a autonomia, ou até, da sua história.

A complexidade das situações e os problemas avolumam-se cada dia que passa. O desemprego, o sobre endividamento, a exclusão social e a pobreza extrema, são realidades sociais que conduzem a um desânimo generalizado. A emigração voltou a ser uma das alternativas, sobretudo para os mais jovens, muitos dos quais licenciados.

Mas, não nos podemos resignar e baixar os braços! Há que usar todas as nossas forças, para não permitirmos que os erros de governação praticados num passado recente, se repitam. Merecemos mais,  melhor e acima de tudo, respeito!!

 Parece-me, oportuno, reflectir sobre, o que nos conduziu até aqui. Foram várias as políticas erráticas adoptadas e praticadas pelos sucessivos governos do PSD M. Destacaria em primeiro lugar, o modelo de desenvolvimento económico da Região, assente, quase integralmente, no investimento público até à exaustão, ou seja, um desenvolvimento não sustentado. Obras públicas, algumas inacabadas, outras de utilidade muito criticável. Não souberam, ou não quiseram mudar de rumo e preparar, atempadamente, a  tão esperada diminuição das verbas provenientes dos fundos comunitários. Não vislumbrámos um momento de lucidez e de reflexão. Assistiram animados e deslumbrados à entrada de milhões e milhões de euros e não prepararam o futuro,  não houve a vontade política e o discernimento necessários, para perceber que o tempo dos milhões e milhões de euros, não duraria para sempre e que as facturas a pagar, cairiam em catadupa, sem dó nem piedade,  sobre todos nós! Esqueceram, desincentivaram, menosprezaram e viraram as costas aos sectores produtivos, como, as pescas e a agricultura. Até, o Turismo foi secundarizado, faltou estratégia, visão, saber e, não menos importante, capacidade para ouvir! As políticas assentes na competitividade e na atractividade do investimento externo nacional ou estrangeiro, foram completamente ignoradas, faltou visão para os decisores políticos perceberem a importância dos mesmos na economia regional.

 Paralelamente, assistimos à falta de transparência na gestão dos dinheiros públicos e, a promiscuidade do governo regional com alguns grupos económicos teve, entre outros efeitos negativos,  o afastamento de grupos económicos externos, dificultando o desenvolvimento de actividades em diferentes sectores na região, levando a que a livre concorrência não fosse uma realidade.

Não menos importante, foi o desiquilíbrio das contas públicas e a falta  de rigor que conduziram, inevitavelmente,  a uma dívida gigantesca, tendo os governantes, nos últimos anos, revelado incapacidade para evitar o descalabro financeiro. Surge a dívida oculta, onde se amontoavam facturas em dívida aos fornecedores e à banca, resultado das muitas obras pensadas e agendadas em função dos calendários eleitorais.  Confrontados com gravíssimos problemas de tesouraria e com cortes nos fornecimentos de bens essenciais, numa situação de enorme fragilidade e necessidade o governo do PSD, a 27 de Janeiro de 2012, assina um Plano de Ajuda Financeira que tem e terá consequências profundas, muito graves e duradouras no plano económico, financeiro e social da Região.  A partir daqui a Madeira passa a estar sujeita a uma dupla austeridade, com a maior carga fiscal do País e a região perde assim, de uma assentada, uma parte significativa da sua Autonomia. Isto foi irresponsabilidade, pois os políticos esqueceram qual era a sua missão. Foi assim, que num ápice, ficámos pobres…….

 Agora, é hora de voltarmos a ter esperança e de interiorizarmos que somos capazes de vencer a situação adversa com que nos confrontamos. As gentes das nossas ilhas já no passado deram provas da sua raça e fibra. Há que exigir novas políticas e que os decisores políticos coloquem como prioridade o bem comum, maior rigor e transparência na gestão da coisa pública, que o mérito e o conhecimento sejam os critérios para o exercício dos respectivos cargos e funções. E, por fim, mas não menos importante, é necessária uma separação muito clara entre o poder e os negócios, pois quem decide não pode estar condicionado pelos lobbies .

 A todos nós, resta-nos o direito e o dever de escolher em consciência, de modo a evitar a repetição dos muitos erros até aqui praticados!