O servo não vem para ser servido

O juramento solene com que um presidente de Câmara inicia o seu mandato reza: “Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções de que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa”.
A política não é algo fácil de definir, mas à mesma tem de estar sempre presente uma ética.  O filósofo grego Aristóteles considerou que o ser humano é um animal politico, alguém que inconscientemente procura a vida em comunidade, porque as suas necessidades materiais e emocionais só podem ser satisfeitas pela convivência com outras pessoas.
Mas, sem uma dedicação verdadeira à política, a mesma não passa da actuação dos políticos  e seus partidos. E os relatos que descrevem essa mesma actuação so nos chega frequentemente por meio de escândalos de corrupção divulgados pela comunicação social.
É natural que assim a política seja vista pela maior parte das pessoas como uma prática negativa. Passa de política a “politicagem”. Longe dos ideais nobres que a deviam animar. E os políticos acabam por ser vistos como indivíduos a quem interessa apenas aproveitar-se das verbas públicas e ganhar poder e influência.
Há uns 22 anos, quando exercia as funções de deputado municipal, resolvi participar na prova de natação do cais da cidade à Barreirinha integrado nas comemorações do Dia da Cidade. Apresentei-me na meta de partida envergando uma t-shirt branca com o dístico “Abaixo a Corrupção”. Nadei lado a lado com o então presidente do munícipio. E ultrapasseio-o. Cortei a meta, tomei duche e enverguei outra t-shirt com outra tarja: “Perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”. C
Com este mise-en-scéne levantei o véu para aspectos lamentáveis do governo da Câmara e que mais tarde deram origem a uma auditoria da vice presidência do governo à mesma câmara.
Muita tinta correu, mas acabou por ser arquivado. Conclusão: o “mexilhão” pagou bem caro esta denúncia e acabou por ficar no desemprego, fruto de manobras realizadas na sombra.
Acabei por acreditar na justiça dos tribunais dos homens. Mas não. Espero bem que funcione a do Tribunal Divino onde certamente ela não falhará.
O que não deixamos de ver por todo o lado é a ânsia de poder e as “relações perigosas”. Entretanto, já estamos em pré-campanha eleitoral, ou melhor, a campanha já está na rua: um camião de “falsas” promessas. Os partidos prometem dar o que têm e o que não têm.
“Aí de vós ,escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniquidade”, pode ler-se na Bíblia. Palavras sempre actuais.
“A Madeira como já citei está a restabelecer-se de um violento sismo seguido de tsunami, e a guerra de poleiros já começou. Que sirva de exemplo aos galos que estão na capoeira. O “servo” vem para servir e não para ser servido.