Vou fazer uma pausa até Outubro, regressando apenas após as eleições. Um “fermez la bouche”. Inicio este jejum de “Daniel” para não ser acusado de interferir em campanhas eleitorais. Estamos a 73 dias do auto eleitoral e queremos encerrar alertando os leitores e eleitores para a poderosa arma que têm nas mãos: o VOTO é secreto. Só digam Amén no dia que for proclamado o vencedor…
No período pré-campanha façam um balanço destes últimos quatro anos e se as promessas foram ou não cumpridas, analisando o que se fez de bom e de mau. Há que ler atentamente os novos programas eleitorais dos diversos partidos, reflectir e depois decidir.
Não se esqueçam que estão a votar numa sigla e num homem que será o Senhor das duas terras, a Madeira e Porto Santo. Quanto aos restantes elementos que farão parte do elenco governativo, já não compete ao povo: a escolha é do “faraó” vencedor.
Durante o período eleitoral não faltarão beijos, abraços e promessas. Terminadas as eleições, já ninguém vos conhece. Os seguranças já não vos deixam aproximar e os olhos já não vos conhecem, os ouvidos já não vos ouvem.
Tudo vale em período de campanha eleitoral. Recordo bem, nos anos 80, na Ponta de Sol num domingo, à saída da missa, os partidos marcavam bem cedo quem seria o primeiro a falar, pela ordem de chegada.
Acontece que um determinado candidato à presidência da Câmara era um ex – presidente que serviu a edilidade no outro regime. Todos o conheciam: era um antigo médico daquele munícipio, que se dirigiu ao povo em linguagem simples da seguinte maneira: “Tu que estás aí, quando estiveste doente, quem te deu as pastilhinhas…?” Resposta imediata: “Foi o Sr. Doutor!!!”
– “E tu, quando partiste o braço, quem te pôs o gesso…?”, indagava o candidato.
“Foi o Sr. Doutor!!! “
“E o fontenário nos Canhas quem o colocou?” e assim por diante: “O Senhor Doutor!”
Então não se esqueçam de no próximo domingo votar no Sr. Doutor!”, dizia o próprio.
Mas às vezes, em meio à sem-vergonhice que caracteriza habitualmente as campanhas eleitorais, a voz do povo é fulminante e certeira.
No meio dos que assistiam a este mini-comício, um velho cidadão reagiu ao despudorado pedido de votos em português vernáculo,, respondendo baixinho mas audivelmente: “Mas que f..a!!!”
“Ainda faltam muitos dias para as eleições. A pré-campanha ainda vai no adro. Antes de irem a banhos, as festas na Madalena, Chão da Lagoa e Porto Santo, dos chamados “grandes”, vão entreter o povo.
Os partidos da “ruama”, os mais pequenos, esses não tem dinheiro para muitas festas, embora estejam desejosos de colocar pé no parlamento, onde sonham ser vozes incomodativas.
Enfim, de uma ponta à outra do espectro, as promessas são mais que muitas. Compete ao cidadão escolher entre as menos estapafúrdias. Recordando o humorista Jô Soares, “engana-me que eu gosto”…