Festival de Órgão termina hoje no Convento de Santa Clara

O 11.º Festival de Órgão da Madeira termina hoje, domingo, pelas 18 horas, com um concerto na Igreja do Convento de Santa Clara (Funchal).

Intitulado “Funchal em Londres – António Pereira da Costa” o concerto contará com o organista Jorge López Escribano, e com a actuação do Ensemble Bonne Corde, sob a direcção de Diana Vinagre.

“Continuando o projecto iniciado na última edição do Festival de Órgão da Madeira (2019), o Ensemble Bonne Corde apresenta os concerti grossi de António Pereira da Costa (Mestre de Capela da Sé do Funchal em meados do século XVIII), fazendo uso de cópias de instrumentos antigos e do órgão histórico do Convento de Santa Clara no Funchal. As obras de Pereira da Costa são apresentadas a par de obras de outros compositores que, tal como os concerti do músico madeirense, foram publicadas ou difundidas em Londres ao longo do século XVIII”, escreve-se sobre este concerto.

Após a sua formação nos Conservatórios de Madrid, Haia e Amsterdão, o cravista e organista espanhol Jorge López-Escribano colabora em toda a Europa como continuista com numerosos conjuntos e orquestras especializadas em interpretação histórica como Vox Luminis, Early Music, Les Musiciens du Louvre, La Grande Chapelle, Opera2day, Sfera Armoniosa, Rotterdams Barok Ensemble, La Capilla Real de Madrid, La Folía, Hippocampus, Academia de Música Antigua de Santander, Vigo 430, La Spagna, Orquesta Barroca de la Universidad de Salamanca, Stavanger Baroque Ensemble, Norwegian Baroque Orquestra e Württembergisches Kammerorchester.  Trabalha com diretores como Ton Koopman, Bruno Cocset, Jean-Christoph Spinosi, Ryo Terakado, Eric van Nevel, Peter van Heyghen, Christina Pluhar e Charles Toet em festivais como Oude Muziek Festival Utrecht, Reincken Festival (Holanda), Festival Abbaye de Royaumont, Festival Sablé (França); Festival van Vlaanderen (Bélgica), Internationale Händel Festpiele Göttingen (Alemanha), Boston Early Music Festival (EUA), entre outros. É o fundador dos agrupamentos Sopra il Basso e L’Aura Rilucente, selecionados como artistas residentes no Centro Cultural de Ambronay (França) e no Centro de Música Antiga de Riga (Letónia). Sopra il Basso é um conjunto de baixo contínuo, dedicado especialmente ao acompanhamento do repertório sacro italiano e alemão dos séculos XVI e XVII. É professor de cravo e baixo contínuo no Conservatório Profissional de Música «Jesús de Monasterio» em Santander (Cantábria).

O Ensemble Bonne Corde é um agrupamento de Música Antiga dedicado à interpretação historicamente informada com instrumentos originais, tendo como repertório-alvo a literatura para violoncelo solo do séc. XVIII, tanto de câmara como concertante. O nome do grupo provém do tratado de Marin Mersenne de 1636, Harmonie Universelle, e pretende ser uma alusão às cordas de tripa utilizadas nos instrumentos de corda até ao séc. XX. É também através da utilização de cordas de tripa que o Ensemble Bonne Corde pretende recuperar e dar a conhecer repertórios esquecidos numa perspetiva historicamente informada, não tendo, no entanto, por objetivo uma recriação ou um trabalho de arqueologia – nunca vamos saber como esta música soou: queremos apenas perceber o melhor possível os códigos musicais da época em que foi escrita. Fundado pela violoncelista Diana Vinagre, o Ensemble Bonne Corde continua um trabalho de conjunto iniciado por jovens músicos de várias partes do mundo que se foram cruzando nos seus percursos formativos e profissionais, em locais tão prestigiados como o Real Conservatório de Haia (Países Baixos) e a Orquestra Barroca da União Europeia. Todos os membros do grupo colaboram regularmente com os mais importantes agrupamentos de Música Antiga da Europa. Desde a fundação, o Ensemble Bonne Corde tem atuado por todo o país, tendo já gravado para a RDP – Antena 2 e apresentado em estreia moderna obras de importantes autores portugueses do séc. XVIII.

Já Diana Vinagre, após a conclusão dos seus estudos na Academia Nacional Superior de Orquestra em Lisboa, ingressa no Conservatório Real de Haia no Departamento de Música Antiga e Práticas Históricas de Interpretação na classe de violoncelo barroco de Jaap ter Linden. Nesta instituição conclui a Licenciatura e seguidamente o Mestrado, com distinção. Desde que se dedica à prática do violoncelo histórico, colabora como free-lancer com vários agrupamentos: Orquestra do Século XVIII, New Dutch Academy, B’Rock, Orchestra of The Age of Enlightenment, Irish Baroque Orchestra, Holland Baroque Society, Al Ayre Español, Divino Sospiro, Forma Antiqua e Orquestra Barroca da Casa da Música. Toca regularmente sob a direcção de Enrico Onofri, Laurence Cummings, Mark Elder, René Jacobs, Vladimir Jurowsky, Simon Murphy, Bartold Kuijken, Christina Pluhar, Elizabeth Wallfisch, Alfredo Bernardini, Rinaldo Alessandrini, Frans Bruggen, Lars Ulrik Mortensen, Alexis Kossenko, Chiara Banchini. Em 2007 foi selecionada para integrar a Orquestra Barroca da União Europeia tendo-se apresentado como solista em várias ocasiões. Realizou várias gravações com Divino Sospiro, Sete Lágrimas, Wallfisch Band, Orquestra Barroca da União Europeia, Forma Antiqua. Além da sua atividade em vários países europeus, é o primeiro violoncelo da Orquestra Barroca Divino Sospiro. Em 2009 funda o Ensemble Bonne Corde que se especializa em repertório do século XVIII, tenho o violoncelo como ponto de partida.

O programa da 11.ª edição do Festival de Órgão da Madeira iniciou-se a 14 de outubro e incluiu um total de 11 concertos em 8 igrejas dos concelhos do Funchal, Machico e Ponta do Sol, nomeadamente na Igreja de São João Evangelista (Colégio), Sé, Igreja do Recolhimento do Bom Jesus, Igreja de São Pedro, Convento de Santa Clara e Igreja de São Martinho no Funchal, Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Machico) e Igreja de Nossa Senhora da Luz (Ponta do Sol).

Os concertos estiveram, uma vez mais, a cargo de artistas conceituados ao nível nacional e internacional, como é o caso de François Espinasse, João Vaz, André Ferreira, Ensemble Ars Lusitana e Isaac Alonso de Molina, Ministriles de Marsias e Javier Artigas, Ville Urponen, Victor Baena, Kalyna Stensenko e o Coro de Câmara da Madeira com direção de Zélia Gomes, Elisabeth Joyé e o Ensemble Madrigalesca, e ainda, no concerto de encerramento, Jorge López Escribiano com o Ensemble Bonne Corde sob direcção de Diana Vinagre. A direcção foi da SRTC.