Bloco de Esquerda defende aumento de salário e pensões

No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, o Bloco de Esquerda Madeira esteve ontem em contactos com a população na baixa do Funchal.

“Passados precisamente 30 anos após a primeira comemoração do  Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza (1992), constata-se que o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior e que o empobrecimento geral da população portuguesa é um problema estrutural, e que ocorre, também, por via dos salários e das pensões”, revela o partido.

Segundo o BE, neste ano 2022, o empobrecimento, que se agravou sobremaneira em todo o país e na Madeira acima da média, verifica-se numa altura em que temos uma taxa de desemprego baixa, como gostam de sublinhar os governantes, e com uma conjuntura económica pujante já que todos os meses se batem recordes no turismo, motor económico do arquipélago.

Aliás, de acordo com o discurso oficial vigente, estamos todos os meses no melhor mês de sempre do melhor ano de sempre. O sector hoteleiro vive uma época áurea e tudo o que gira à volta do turismo está sem capacidade de resposta para tanta procura.

“Mas estas palavras servem apenas para encher os títulos dos jornais e promover a propaganda oficial”, revela.

Do outro lado, temos uma vasta classe trabalhadora “escravizada”, com salários baixos e onde grassa a precariedade laboral, ao que acresce as reformas de quase miséria, de uma população cada vez mais envelhecida. Esta é a herança das políticas laborais liberais e de direita, que cederam aos interesses e à pressão das grandes confederações empresariais, e que estão a transferir o rendimento do trabalho para os lucros do capital. Ostracizaram o trabalho e os trabalhadores. E não é demagogia. Olhem para os números da pobreza e vejam a percentagem de trabalhadores que são pobres ou vivem no limiar da pobreza. Só na Madeira, chegam aos 14%, a taxa mais elevada do país, a par dos Açores.

“Vemos todos os dias os preços dos bens alimentares a subir, a taxa de inflação de Setembro está perto dos 10%, ao mesmo tempo que as grandes empresas anunciam lucros de milhões, que acontecem à custa do empobrecimento das portuguesas e dos portugueses”, acrescenta.

“E o que faz o Governo Regional da Madeira, do PSD há quase meio século, perante uma inflação galopante que “rouba” salário a quem precisa, naquele que é o melhor ano de sempre da nossa economia? Aplica sempre o mesmo método: sucessivos programas de apoio às empresas com anúncios de milhões de euros”, vaticina.

O Bloco de Esquerda questiona o Governo Regional sobre quais as contrapartidas e as exigências que estão a ser feitas à classe empresarial perante esta cedência contínua de dinheiros públicos?

Para o BE, quem recebe apoios do Governo não deve poder despedir, nem manter trabalhadores com contratos precários por tempo indeterminado. É urgente aumentar salários e o Governo Regional tem na mão ferramentas que o permitem fazer.

“E as famílias? Qual o apoio que lhes está a ser dado pelo Governo Regional, cujas receitas não previstas atingiram os 80 milhões de euros? Têm de ir de mão estendida pedir apoio à Segurança Social e aguardar”, revela.

Para o BE, só com políticas que combatam a perda continuada de poder de compra e dignifiquem salários e pensões, que reforcem a aposta na educação e na cultura, que cuidem de algo tão fundamental como o acesso a uma habitação condigna a quem dela precisa, será possível reverter o empobrecimento da nossa população.