Amanhã, sábado, dia 20 de agosto, há eleições na Associação de Criadores de Gado das Serras do Poiso, com sede no Santo da Serra.
João Abel Escórcio Freitas, atual presidente, terá, desta vez, a concorrência da lista B, liderada por Bruno Vieira, natural do Porto da Cruz, cujo mote consiste na preservaçãp do meio ambiente e do bem estar animal, mantendo a trtadição.
As listas já foram apresentadas ao presidente da Assembleia-Geral, João Martinho Gouveia, respeitando as estatutárias 48 horas antes do ato eleitoral.
Com capacidade eleitoral haverá entre 90 a 100 criadores que representam entre 800 a 1000 cabeças de gado ovino. Gado que passou de gerações em gerações, numa tradição bem madeirense, sobretudo para produção de carne e menos de leite.
Os criadores associados procedem à apascentação organizada dos seus rebanhos de ovinos nos pastos do Perímetro Florestal das Serras do Poiso. Aliás, as tosquias costumam acontecer no Chão dos Terreiros nesse Perímetro Florestal, sendo que há dois rebanhos, um no Chão das Aboboreiras e outro na Ribeira dos Boieiros.
A Associação de Criadores de Gado das Serras do Poiso é uma entidade de direito privado sem fins lucrativos e compreende, no conjunto das suas finalidades, para além da defesa dos interesses dos seus associados com ovinos em apascentação nas Serras do Poiso, a promoção das ações necessárias no sentido de elevar a rentabilidade das explorações agrícolas, a colaboração com as entidades competentes em atividades de formação profissional dirigidas aos ovinicultores, e respetivos quadros das suas organizações associativas, bem como a sensibilização dos seus associados para a aceitação e execução das medidas de caráter zootécnico e sanitário, preconizadas pelos serviços competentes.
Desde 1960, os rebanhos organizados da Associação, que apascentam nas áreas de pastos do Perímetro Florestal das Serras do Poiso, têm um papel relevante na manutenção e valorização desse mosaico florestal, ajudando a mantê-lo livre de espécies vegetais infestantes e invasoras, que causam danos irreversíveis no coberto vegetal a manter.
A ação dos rebanhos contribui, igualmente, para a redução da carga de combustível e para a vigilância preventiva, dissuadindo ações de natureza humana na propagação do fogo florestal e, ainda, para a preservação e equilíbrio do ecossistema.
Os rebanhos, ao criarem de forma ordenada clareiras no terreno, cooperam para que as Serras do Poiso ofereçam espaços adequados ao usufruto, recreio e lazer que são muito procurados, quer por residentes, quer por turistas, sendo disso exemplo as tosquias tradicionais que se realizam nestas serras.
Porque a orientação dos rebanhos implica um trabalho contínuo durante todo o ano, no ano passado foi celebrado um contrato-programa entre o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM e a Associação no valor de 60 mil euros.
Incidentes da feiteira e da palha
As eleições acontecem de três em três anos e, este ano, por haver duas listas, o escrutínio é mais apurado. Por exemplo, no período pré-eleitoral, houve dois episódios que não passaram despercebidos a alguns criadores. Um deles foi o episódio do corte de feiteira nas imediações do Ovil da Ribeira dos Boieiros e no Chão das Feiteiras.
Todos os anos os criadores são mobilizados para, em agosto, cortar feiteira para, no ovil, acomodar o gado durante todo o ano. No último sábado, alguns criadores subiram à serra para o efeito mas apareceu a Polícia Florestal e exigiu licença de corte de feiteira. Uma exigência estranha para quem organizou o corte, afecto a uma das listas, pois, em anos anteriores, nunca se ouviu falar de exigência de licença para corte de feiteira. Os criadores acabaram por não fazer o corte e há uma nova mobilização, para a semana, já depois do ato eleitoral.
A intervenção da Polícia Floretal não deixou de ter algumas conotações.
Outro episódio foi a entrega, às portas das eleições, por parte do Governo Regional, de fardos de palha, cerca de 30. Houve quem não gostasse do timing pois pode ter leitura de apoio a uma das listas concorrentes ao ato eleitoral.
