Estepilha: líder da comissão liquidatária vende o partido a pataco

Rui Marote
Quem não se recorda do AJJ  vice presidente XII do Congresso Nacional do PSD, quando, na Figueira da Foz, em 1985, pôs todos a rir? Presidia aos trabalhos e preferiu a seguinte frase aos congressistas: -Está tudo “grosso”! Discutia-se então quem o partido apoiaria nas presidenciais. A escolha recaiu em Freitas do Amaral. O calão, com sotaque madeirense, causou gargalhadas na sala.
Hoje o “recruta magala” Barreto quer pôr os madeirenses por tontos.
O Funchal Notícias, nos seus irónicos “Estepilhas”, tem vindo denunciar a “novela mexicana” da perda dos mandatos dos candidatos na vereação do executivo camarário do Funchal.
Estepilha, isto anda tudo pelas ruas da amargura, que já nem as notícias previamente combinadas e escritas nos gabinetes dos interessados, batem uma com a outra. Uma notícia diz que “aquele abdicou”, aquela outra “abdicou” e aquele outro “abdicou”. Sobre o mesmo assunto e as mesmas pessoas, os matutinos que copiam o que escreve o FN dizem que, afinal, dois deles “abdicaram”, mas por motivos surreais. Um porque desempenha funções na Junta, o outro não pode assumir o cargo de vereador por estar ligado ao desporto. E, finalmente, o terceiro elemento, que na outra notícia, tinha “abdicado”, mas a versão noticiosa agora é a de que foi para “um novo desafio profissional”.
Só agora vieram a “terreiro”, copiando e deturpando .
Renegaram ao cargo em troca ” de trinta dinheiros”. Já diz a Bíblia: “Aí de vós escribas e fariseus que  na cadeira de Moisés, estais assentados . Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e põem-nos sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los. Hipócritas…”
Assistimos da parte do partido a uma lenga-lenga para enganar parolos (já diz o ditado que com circo, papas e bolos se entretém os tolos).
Na verdade, a Lei 75/2013, regime jurídico das autarquias locais, considera “incompatível” a acumulação de funções autárquicas, mas dá ao titular do cargo a possibilidade de optar pelo lugar que melhor entender, portanto, nada na lei impedia o Senhor Filipe de ocupar o lugar e vereador na CMF. Tinha, isso sim, que deixar o executivo da Junta de São Martinho. Ser obrigado a “abdicar” é muito diferente do que está consagrado na lei.
A cereja em cima do bolo é afirmar que o outro candidato não pode assumir funções por estar ligado ao desporto e, portanto, não “preenche os requisitos exigidos”. Uma grosseira violação dos direitos, liberdades e garantias, um cidadão ser discriminado, sem nenhum fundamento legal, quando a Constituição afirma expressamente que todos os cidadãos têm direito de acesso, em condições de igualdade e liberdade, aos cargos públicos, não podendo nunca a actividade profissional ser um impedimento.
Pela mesma lógica, Estepilha, muitos vereadores e secretários regionais estariam ainda nos bancos da escola.
Para completar esta novela mexicana sobre o misterioso desaparecimento da vereadora do CDS do executivo da CMF, falta a situação da substituta que tinha “abdicado” e que, afinal, foi para um “novo desafio profissional”.
Mais uma versão forjada, quando a própria queria manter-se no cargo e nada a impedia à luz da lei, porque o cargo era dela, e poderia manter a suspensão de funções, como aliás manteve durante os três meses em que substituiu Margarida Pocinho.
O estranho é como uma das notícias dos matutinos justifica esta novela mexicana, dizendo que “foi tudo articulado” entre Pedro Calado, Barreto e José Manuel Rodrigues, como se a espertalhice e os jogos de bastidores para servir numa bandeja dourada a vereadora eleita do CDS, desde que “concertado” entre amigos, passe a ser uma coisa normal e legal, do género, “não se fala mais nisso”!
O eleitorado do CDS foi altamente traído e esta situação, esta enorme perda política, num partido a sério, teria de ter consequências imediatas. Nenhum líder está legitimado para trocar com outro partido os votos que os eleitores lhe concedeu. Os votos são um sinal de confiança democrática, não são vendáveis. É uma traição política, é indigno!
O Estepilha acha mesmo que isto está tudo a ir pelo esgoto abaixo. Veja-se como um assunto político destes, um partido a entregar a outro partido “amigo” a sua única vereadora na principal Câmara da Região, não mereceu qualquer questionamento. Pelo contrário, o silêncio diz tudo sobre  o estado da democracia e a autonomia.
Esqueceram-se divulgar tudo isto tem benesses. A vereadora que substitui Margarida Pocinho entrou para o cargo a prazo e com data na guia de marcha desde a tomada de posse na direcção do Mar onde estava a concluir um estágio de um concurso que só teve um candidato. Tem lugar prometido noutros serviços logo que termine dentro de três meses o estágio. O rapazito que seguia na lista da Juventude popular com formação na área de educação física não tem o perfil para o cargo exigido por Pedro Calado, que o premiou em (troca) com um lugar na empresa municipal Sociohabita.
O CDS perdeu todos os seus candidatos de uma lista que só tinha um nome: Margarida Pocinho. Os restantes eram jarras com flores para embelezar que secaram rapidamente sem perfil para os cargos. E o “Barretinho” diz: -“Pedro o que tu fizeres está feito em nome da unidade e estabilidade”.
Os votos dos militantes e simpatizantes do CDS foram para o caixote do lixo  faltando somente limpar a lixeira com um delete.
Como diz o AJJ está tudo “grosso”. Engana-me que eu gosto…