“À conversa com o escritor João Pinto Coelho” no “Liceu” assinala Dia Mundial da Língua Portuguesa

A escrita é um exercício apaixonante que cruza diversas linguagens, desde o prazer à surpresa até à disciplina na produção dos textos. Desta experiência geradora de prazeres mas também de trabalho brota a ficção do escritor João Pinto Coelho, numa leitura criativa da realidade, partilhada na primeira pessoa, hoje, na Escola Secundária Jaime Moniz, por ocasião do Dia Mundial da Língua Portuguesa.

 

 

A iniciativa “À conversa com o escritor João Pinto Coelho”, conduzida com  acutilância, profundidade de leitura e humor pela docente Fátima Marques, foi organizada pelo grupo disciplinar de Português, sob a orientação do delegado Hélder Teixeira, e contou com o patrocínio do Grupo Leya, representado por Pedro Barbosa.

João Pinto Coelho tem vindo a seduzir os apaixonados da leitura com os seus livros, Perguntem a Sarah Gross, Os Loucos da Rua Mazur e Um Tempo a Fugir. Nascido em Londres, em 1967, o autor viveu sobretudo em Lisboa. Licenciou-se em arquitetura e cultivou um apetência particular pela historiografia do holocausto, tema transversal nas suas obras, sempre com o fito de levar o leitor a uma consciência cívica ativa e responsável.

Leitora dos trabalhos de Pinto Coelho, Fátima Marques, docente aposentada da ESJM, interpelou o escritor, com curiosidade e coloquialidade, sobre as opções feitas ao longo das diegeses das obras, nomeadamente a duplicidade dos universos históricos e o imaginário cultural e a complexidade existencial das personagens, sobretudo no mais recente romance. O autor partilhou a sua incursão pela ficção, revelando que, inicialmente, não teve a consciência de que publicaria um livro. O interesse pela história dos judeus em vários contextos culturais conduziu-o à escrita, ao primeiro romance Perguntem a Sarah Gross. A experiência e a dinâmica da escrita levaram o autor a confessar que os livros mudaram radicalmente a sua vida. As opções pela duplicidade de tempos históricos são estratégias, uma espécie de diversão, a que o escritor recorre para esbater a disciplina da escrita, como escrever diariamente. Não sabe como acaba o romance, sabe que tem de escrever com método e procura divertir-se enquanto escreve, desfazendo as situações da intriga à medida que a escrita vai fluindo.

João Pinto Coelho também elucidou a plateia de alunos do ensino secundário e docentes sobre como falar do holocausto, procurando dar aos jovens a abrangência da visão da vítima, dos perpetradores e das testemunhas para gerar a responsabilidade cívica.

No final da sessão e após os autógrafos, acompanhado da presidente do conselho executivo, Ana Isabel Freitas, João Pinto Coelho assinou o livro de honra da ESJM.