Estepilha: A história do elevador da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição do Ilhéu

Rui Marote
O elevador da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição do Ilhéu, na Pontinha, nasceu quando o estado português desmantelou um posto telegráfico do exército ali instalado e entregou à Região aquele ilhéu.
Estando aquele rochedo integrado na área dos portos, o governo regional de então resolveu pô-lo a concurso para instalação de um restaurante.
Ao empresário madeirense José Maria Camacho foi concedida a exploração, numa altura que o secretário que tinha o pelouro do porto era Pereira de Gouveia.
Efectuou obras de construção e adaptação do espaço, sempre com a orientação da DRAC.
Um dos problemas era o acesso, uma vez que para ter acesso ao ilhéu, era preciso galgar uma escadaria íngreme que o tornava impeditivo aos menos corajosos e de certa idade.
Surge então o elevador, que chegou a estar envolvido em polémica. O empresário queria-o de vidro e panorâmico, tipo Las Vegas. Os responsáveis do património opunham-se.
Camuflar era a ordem, e surge então aquela caixa de cobre metálico.
O empresário, às suas custas, contactou diversas empresas para implantar este sobe e desce.
Na altura optou-se por um elevador hidráulico, onde se iria ter a caixa da máquina e os custos seriam menores.
Houve uma empresa de prestígio no mercado que se afastou por não concordar e alertou para as avarias constantes.
Estepilha: dito e feito… No dia da inauguração, 31 de Dezembro, a passagem de ano, o elevador avariou e os convidados tiveram de submeter-se a uma etapa de treino em montanha, galgando os degraus para chegar ao restaurante.
Recordo uma cena que fotografei na altura: o Presidente da Câmara era João Dantas que havia fracturado uma perna, que estava engessada e portanto caminhava com canadianas.
Era impossível o autarca chegar à meta. Só de rede…
João Dantas utilizou, portanto, o monta cargas, agarrado ao varandim de ferro. Uma aventura que jamais esquecerá, de certeza.
Marcelo Rebelo de Sousa, que veio à passagem de ano, foi um dos convidados.
O elevador só voltou a funcionar depois do fogo-de-artificio. Assim continuou com as avarias até ao novo inquilino.
Surgiu então o empresário Sílvio Santos, e um arquitecto sueco da nova vaga, que desmantelou o que lá existia, surgindo um novo design tipo veleiro.
Nesta época o elevador passou de hidráulico a eléctrico, mas os custos sairam dos cofres do porto.
Durou poucos anos e deu no “porco”: as dívidas  das rendas foram-se acumulando, até que chegou ao dia que o empresário abandonou e mais uma vez a madrinha dos pobres (APRAM) ficou a ver navios. Estepilha!
Hoje há um novo proprietário, Nini Andrade Silva com o Design Centre. O resto desta história alguém há de ficar para contar…