Bastonário dos Psicólogos desafia políticos e gestores a ouvirem mais esta classe profissional

O bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses afirmou, hoje, que a psicologia dá “muitas ferramentas para trabalhar as políticas públicas”, e por isso desafiou os políticos e decisores públicos a ouvirem mais os psicólogos como forma de estarem “mais informados” e tomarem melhores medidas em prol da vivência em sociedade.

“A política pública é um conjunto de leis, de regulamentos e de ações que têm como propósito organizar a sociedade em que vivemos” começou por referir Francisco Miranda Rodrigues na conferência “Políticas Públicas que Resultam”, realizada esta tarde na Assembleia Legislativa da Madeira, lamentando que muitas vezes essas “ações estejam bastante centradas no ângulo da economia”, esquecendo as “emoções” das pessoas. “Não devemos separar a razão da emoção”, alertou o bastonário.

Entende “que a legislação pode e deve ser mais informada pela psicologia” de modo a criar “normas sociais” mais úteis aos cidadãos. Francisco Miranda Rodrigues recomenda por isso “uma permanente verificação dos contributos científicos sobre o comportamento humanos”, antes da tomada de decisão, de modo a “reduzir erros”. “Isto é feito em alguns países, sistematicamente, com unidades que têm psicólogos, economistas e antropólogos a trabalharem e a fazerem testes de políticas públicas. É algo que devíamos fazer aqui”, reforçou. O bastonário lembra que as pessoas são o maior recurso de Portugal. “Temos conhecimento, podemos aplicá-lo e com isso podemos eliminar desperdício, desenvolver as pessoas, criar mais riqueza, diminuir desigualdades e termos mais coesão social”.

Por seu turno, a vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira começou por lembrar a pandemia da Covid-19 e a guerra para reforçar “a importância da saúde psicológica na construção de uma sociedade sã e equilibrada”, e o papel dos psicólogos na superação “das sequelas provocadas por estes eventos”.

“Para alcançarmos o desígnio da valorização do papel do Psicólogo afigura-se fundamental a aposta efetiva nos profissionais desta ciência, a que estuda o comportamento humano. Esta é uma aposta ganha”, garantiu Rubina Leal, apontando o investimento já feito na Região. “Por exemplo, enquanto que em Portugal Continental, existe um rácio de 1 psicólogo para cada 1100 alunos, na Madeira esse mesmo rácio é de 1 psicólogo para cada 750 alunos. Com o trabalho que tem vindo a ser feito, estamos cada vez mais perto daquele que é considerado o rácio ideal do número de psicólogos para o número de alunos”, garantiu.

A vice-presidente do Parlamento disse que o “Serviço Regional de Saúde possui mais de 60 psicólogos, sendo que desses, mais de 40 estão alocados aos cuidados de saúde primários. Isto faz com que a nossa Região se encontre com um rácio, no contexto da saúde, de cerca de 1 psicólogo para 4 mil habitantes. Seguindo a recomendação geral de 1 psicólogo para 5 mil habitantes, constata-se que a Madeira vai mais além daquilo que é recomendado”, concluiu Rubina Leal, durante a apresentação da conferência e do conferencista.