MDM alerta para desigualdades e assimetrias no acesso das mulheres à saúde

O Movimento Democrático das Mulheres (MDM) veio, pela voz da sua coordenadora regional, Sílvia Vasconcelos, referir que, com a crise epidemiológica actualmente prevalecente, para além das consequências directas na população e no país, aumentaram as dificuldades, as desigualdades e assimetrias no acesso ao SNS com diversos efeitos negativos, também nas situações específicas da saúde da mulher.

Desde 2020, a pretexto da epidemia CoViD-19, verificam-se retrocessos prejudiciais na prevenção e nos cuidados de saúde, nomeadamente na saúde sexual e reprodutiva e materna, garante o MDM.

“Ao longo do último ano, nem sempre foram respeitados os direitos consagrados quanto ao acompanhamento da grávida durante a gravidez e o parto. A lista de espera das consultas de procriação medicamente assistida aumentou de seis meses para dois anos, os tratamentos e doações tornaram-se residuais”, refere Sílvia Vasconcelos.

Por outro lado, foram realizados menos 170 mil rastreios do cancro da mama e menos 140 mil do colo do útero, quando, em cada ano, surgem seis mil novos casos de cancro da mama, e sendo o HPV a causa do segundo tipo de cancro mais frequente na mulher.

Aproximadamente um quarto das mulheres não faz acompanhamento ginecológico regular, facto considerado preocupante pela incidência do cancro do ovário ser a oitava causa de morte das mulheres. Persistem sérios atrasos nas consultas de diagnóstico e tratamento, motivados pela falta de médicos da especialidade e também de médicos de família.

Realizaram-se ainda menos 11,4 milhões (38%) de consultas presenciais e menos 3,6 milhões de contactos presenciais nos cuidados de enfermagem nos centros de saúde, circunstância também grave, porque essencial para a sinalização e acompanhamento das vítimas de diversas violências.

Os problemas estruturais do SNS, afirma o MDM, resultam da persistente falta de investimento, de recursos humanos, de investigação e monitorização incipientes, de deficiente estrutura de espaços físicos e gestão centralizadora, além da crescente concessão de prestação de cuidados para entidades privadas.

Para o Movimento, o progresso significativo dos indicadores de saúde e a universalidade do direito à Saúde é inseparável do reforço e melhoria do Serviço Nacional de Saúde, sem discriminações e desigualdades a nível geográfico e social, para que seja capaz de enfrentar os actuais e futuros problemas.

O maior constrangimento do SNS é a falta de profissionais e a desvalorização das suas carreiras, sendo assim essencial assumir como prioridade o investimento nos recursos humanos, nos cuidados de saúde primários, na medicina preventiva, na tecnologia e no conhecimento, afirma-se numa nota enviada à Imprensa.

As mulheres precisam de encontrar no SNS respostas sólidas e seguras, mesmo para as situações mais complexas, com equipas de profissionais valorizados para que continue a ser aproveitada a sua experiência acumulada e qualificada. O direito à saúde, conclui-se, é essencial para combater a Covid-19, mas há que assegurar níveis de prevenção e cuidados de saúde generalizados.