Pão por Deus e Halloween

Quem me conhece sabe que eu gosto muito do Halloween (ou dia das bruxas), adoro as abóboras trabalhadas e as decorações com fantasmas e teias de aranha…

Mas a tradição em que cresci não foi esta, celebrávamos o pão- por-deus, com partilha de frutos da época (cantando “castanhas e nozes e muitas maçãs”)… e também alguns rebuçados!

Hoje em dia, as crianças vestem-se de bruxas e vampiros, numa espécie de carnaval antecipado e fazem-se festas temáticas.

O Dia de Todos os Santos da religião cristã é o Dia dos Mortos na tradição celta. Celebram-se ambos a 1 de novembro. Estas duas celebrações, além de calharem na mesma data, partilham alguns pontos em comum: a teoria do Halloween acreditava que os espíritos dos mortos regressavam para visitar as suas casas e também poderiam surgir assombrações para amaldiçoar os animais e as colheitas. O peditório do Pão-por-Deus, está associado ao antigo costume de se oferecer pão, bolos, vinho e outros alimentos aos defuntos. Era costume pôr-se, também, pão, vinho e dinheiro no caixão do defunto para a viagem, tendo este hábito sido proibido no II Concilio de Braga do ano 572, no cânone LXIX. Em 1 de Novembro de 1755 aconteceu o terramoto que destruiu Lisboa, no qual morreram milhares de pessoas e a população da cidade, que era na sua maioria pobre, ainda mais pobre ficou. As pessoas batiam às portas e pediam que lhes fosse dada qualquer esmola, mesmo que fosse pão. E as pessoas pediam: “Pão por Deus”. Em comum têm também o fato de as crianças andarem pela rua a pedir.

Acredito que podemos tirar o melhor partido da conjugação de ambas as festividades, sem perder a tradição do nosso pão- por-deus, evitando o consumo excessivo de açúcar e promovendo os frutos da época. Algumas sugestões:

  • Fazer “dedos de cenoura” com cenoura cortada aos palitos e colar com geleia de morango uma amêndoa laminada na ponta (a fazer de unha);
  • Fazer pipocas simples (sem sal nem açúcar) e coloca-las dentro de luvas de plástico transparentes;
  • Húmus de beterraba (feito com grão de bico cozido e beterraba cozida, sem outros ingredientes) servido como “sangue”;
  • Oferecer castanhas, nozes e maçãs em vez de rebuçados e gomas;
  • Pintar olhos e bocas nas tangerinas, tornando-as em “mini-abóboras”.

 

É deixar fluir a imaginação, divertir-se e evitar o excesso de açúcar!