Padre Adriano Zandoná  alerta em Fátima: “Há pessoas que não estão numa cadeia mas levam a cadeia consigo”

O Padre Adriano Zandoná em tarde de oração, ontem em Fátima, apelando à necessidade da cura das raízes da mágoa que impedem a graça de Deus. Fotos FN.

Os anos passam, mas a mensagem de Nossa Senhora em Fátima continua bem atual e a mobilizar a afluência diária de milhares de peregrinos de todas as nacionalidades. Mesmo num tempo em que são muitos aqueles que prescindem viver sem Deus e só o procuram nas provações da vida. Para além deste encontro com a “Mãe”, bem definido nas palavras do Papa Francisco, Fátima teve este fim de semana um sabor ainda mais especial com a missão de evangelização do Padre Adriano Zandoná, com o tema  de fundo “Conquistando a Liberdade Interior”.

O evento teve lugar no Centro Bíblico dos Capuchinhos e foi organizado pela Comunidade Canção Nova em Portugal. O sacerdote partiu do seu livro “Construindo a Felicidade” e caminhou com uma sala de peregrinos, pregando sobre a cura da alma, num sábado que assinalou a importância de dois apóstolos basilares da Igreja, Pedro e Paulo.

Junto de Nossa Senhora, na Capela das Aparições, as palavras não são necessárias.

No seu registo brasileiro e imbuído pela Corrente de Graça que é o Renovamento Carismático Católico, o Padre Adriano Zandoná deu o seu testumunho pessoal de vida e depois centrou a sua partilha na urgência de sanar as feridas interiores: “Há gente que não está na cadeia mas que leva a cadeia consigo, presa nos sentimentos tóxicos, na amargura. Se as pessoas não curam o seu coração, não podem alcançar a graça de Deus. Como já dizia o falecido padre Leo, a cura interior é necessária para a salvação”.

Citando Efésios 4,31-32, o sacerdote Zandoná deu especial importância ao papel do perdão no processo de cura e à necessidade de mergulhar nas raízes das mágoas e ressentimentos: “É preciso ir ao encontro das raízes que alimentam o nosso ressentimento. A cura só pode acontecer se usarmos a “pomada” do perdão. Quando não perdoamos quem nos ofende, somos os únicos que ficamos encarcerados no ressentimento. Isto é muito grave. O grande problema da mágoa é que ela barra a graça de Deus na nossa vida. Logo, é preciso curar as raízes estragadas, abrir as gavetas das nossas emoções. É difícil perdoarmos os outros mas é muito mais difícil nos perdoarmos”.

Por outro lado, as elevadas expetativas humanas na construção da felicidade também é nociva. O sacerdote da Canção Nova lembra que “o pior inimigo do real é o ideal. Libertem-se do ideal.”

Com profunda unção e com uma dedicação ilimitada à partilha da Palavra, misturada com o  testemunho pessoal de vida, o padre Zandoná  fez um forte apelo à oração permanente e à certeza da cura de todos quantos se encontrem amargurados. “Deus pode curar todas as coisas com a vossa entrega, com a vossa oração. Foi através da oração da minha mãe que a minha cura aconteceu. Se eu, um menino com 15 anos, fumando drogas pesadas, se transformou num sacerdote há quase 20 anos, com a oração sistemática da minha mãe, como é que Jesus não o vai curar?”

Zandoná também sensibilizou os peregrinos para a certeza das “provações” na vida das pessoas. Com humor pelo meio, declarou que não há “um pé de euro” em lado nenhum. O que existe é “oração” como porta para a salvação de cada um.