Bispo alerta na catequese da Quaresma: “De Páscoa em Páscoa, podes contar com a salvação!”

Foto Duarte Gomes.

Fim de tarde desta quinta feira. Igreja do Colégio. É o próprio Bispo do Funchal que se prepara para abrir um ciclo de catequeses quaresmais aberto a quem tem  sede da Palavra de Cristo. Uma catequese com o título “Reconciliação com  Deus, com os outros e com a criação.

Após a recitação dos salmos, D. Nuno Brás, num preâmbulo à sua intervenção, exaltou a forma bela como Jesus estava a ser louvado através dos cânticos. Na verdade, “os salmos são a oração de Cristo”. Afinal, já diz a sabedoria popular, cantar é orar, e o canto mais belo é aquele que brota do coração, assim como a própria oração. Não se trata de “papaguear”, mas sim sentir com o coração o que se ora.

Mas a catequese que D. Nuno Brás preparou teve por base a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2019. E fez questão de a ler praticamente na totalidade. Por uma razão: muitas vezes, as mensagens papais são lidas através de resumos ou de notícias e não a partir da leitura integral do texto. Desde logo, uma primeira ilação do texto papal: “O objetivo da Quaresma é tornar-nos mais e melhores filhos de Deus para alcançar a plenitude da filiação divina”.

Depois, o Prelado da Diocese parou um pouco na referência papal à expressão “(…) de Páscoa em Páscoa…”. E seguiu-se a sua reflexão, nestes termos: “Quase parece que repetimos mecanicamente o calendário ou que não caminhámos nada, que andamos à volta da mesma coisa… Mas é mais profundo do que isso. De Páscoa em Páscoa, podes contar com a salvação que já a recebemos. O Senhor tem pressa do nosso amor mas é paciente, espera por cada um de nós em cada Páscoa”. No fundo, disse, “a salvação é um processo dinâmico”.

Foto Duarte Gomes

Um primeiro ponto da mensagem papal para a Quaresma é a “redenção da criação”. Neste aspeto, D. Nuno quis passar a sua mensagem: “A noção cristã da criação significa que Deus está a criar, a amar, está a pensar em ti, a amar-te, agora. E tu? Existes porque Deus te ama. Deus quer tornar-nos semelhantes a Cristo. Cada um de nós é uma obra prima de Deus. A melhor forma de sermos ecologistas ou de defendermos a criação é sermos filhos de Deus e vivermos como filhos de Deus”.

Num segundo ponto da sua catequese, o Bispo do Funchal incidiu novamente na mensagem do Papa Francisco, mais precisamente na força destruidora do pecado, movida pela lógica do ter. Assim acontece quando o homem troca o belo jardim da criação pelo deserto. Neste ponto, diz D. Nuno, o Papa é duro mas realista: “O pecado é a avidez, a ambição desmedida, o desinteresse pelo bem dos outros”.

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Num terceiro ponto da sua reflexão, D. Nuno defendeu que a “a criação tem urgente necessidade de que se revelem os filhos de Deus”. Por outras palavras: “Todos somos filhos de Deus no baptismo. Mas urge caminhar. O que é preciso? A conversão! Sair do pecado que escraviza é possível através de uma sincera conversão, através do jejum, da oração e da esmola. A Quaresma é querer renascer, voltar a ser o belo jardim da criação. Urge que cada um faça um caminho verdadeiro de conversão”.

O ciclo de catequeses quaresmais prossegue no dia 28 de março, tendo por orador o Cónego Fiel de Sousa.

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