Barómetro indica que 77% das famílias portuguesas vivem em dificuldades económicas diárias

“Mais de três quartos das famílias portuguesas veem-se aflitas para pagar as contas. Pior: 7%, ou seja, 300 mil famílias enfrentam a pobreza real. Casa, saúde e alimentação asfixiam o orçamento”. É isto, assim, de forma clara, o que revela o primeiro Barómetro DECO PROTESTE. Nessa avaliação, verifica-se que os portugueses enfrentam a vida com o princípio de “um dia de cada vez”. É pelo menos isso para 77% das famílias portuguesas, para quem as dificuldades económicas fazem parte da vida diária.

Segundo aquele barómetro “o número impressiona. Mas o cenário é mais pessimista: 7%, cerca de 300 famílias, vivem em situação de pobreza, numa avaliação sobre o nível de vida com base na facilidade que estas mesmas famílias têm ou não em fazer face a seis grandes conjuntos de despesas: habitação, saúde, alimentação, educação, mobilidade e tempos livres. “Do total de 1998 respostas, tratadas estatisticamente para fazer um retrato da realidade nacional, apenas 23% dos inquiridos admitem viver com conforto. Este exercício estendeu-se a outros países europeus, onde a percentagem de agregados com dificuldades também é elevada (61%, na Bélgica e 75%, em Itália e Espanha). Portugal fica pior na fotografia”, refere o documento

O mesmo estudo revela, ainda, que “na qualidade de vida, para a generalidade dos portugueses, a habitação, a saúde e a alimentação são as áreas que ocupam os lugares cimeiros. Mas fazer face a estas despesas é motivo de insónias para uma grande percentagem de famílias (46%, 45% e 32%, respetivamente). Desdobrámos estas rubricas em vários itens, o que permitiu identificar as despesas que mais fazem tremer a estabilidade dos portugueses: na habitação e manutenção é um encargo que 55% têm dificuldade em pagar e, para quase 50%, as contas da luz, da água e do gás também são fonte de preocupação”.

Na saúde, “os constrangimentos atingem 45% das famílias. As idas ao dentista são sacrificadas: 59% das famílias têm bastantes dificuldades em suportar os encargos com a saúde oral. Despesas com óculos e aparelhos auditivos não ficam atrás: fazer face a esta despesa é exercício de contorcionismo para a maioria (59 por cento). Os números são menos expressivos na alimentação, mas preocupantes: a maioria afirma não ter dificuldades em pôr comida na mesa, mas quase um terço das famílias têm de fazer restrições”.

Em matéria de mobilidade, o barómetro da Proteste aponta que “47% dos inquiridos enfrentam dificuldades e isso deve-se aos encargos com o automóvel, uma limitação para uma elevada percentagem (68 por cento). Já no que diz respeito às despesas com transportes públicos, as dificuldades afetam um quarto dos agregados. Para 32% das famílias, está longe de ser fácil arcar com as despesas de educação, sobretudo do ensino superior. A maioria das famílias não tem grande margem para gastos além das despesas correntes. Para 47%, lazer e cultura são luxos difíceis de financiar. Para dois terços, fazer férias fora de casa é uma miragem. E até as escapadinhas de fim de semana ficam fora do radar de 60% das famílias. Barómetro DECO PROTESTE permitiu também identificar segmentos da população mais vulneráveis. Os agregados com algum dos membros em situação de desemprego enfrentam dificuldades acima da média (11 por cento). Mas nas famílias monoparentais os níveis de pobreza atingem valores brutais: 32% por cento”.