Teresa Gonçalves Lobo expõe “Da leveza do sonho” na Galeria das Salgadeiras

A artista madeirense Teresa Gonçalves Lobo inaugura a 20 de Setembro, entre as 18 e as 22 horas, na Galeria das Salgadeiras, na capital portuguesa, uma mostra intitulada “Da Leveza ao Sonho”, e que se insere na 9ª edição do Bairro das Artes.

Serão expostas 15 obras desta artista, realizadas entre os anos de 2010 e 2018. Trata-se de desenhos a tinta da china sobre papel, além de dois a pastel seco sobre papel. Estes últimos são de maiores dimensões, nomeadamente 100 x 140 cm.

Ana Matos, galerista e curadora da Galeria das Salgadeiras, é a autora do seguinte texto alusivo a esta mostra: “Vento, água, montanha. Talvez até fogo. Ar, muito ar, espaços que se tornam livres, despojados de representação do que é visível, e é do invisível, do sonho que surge o seu sentido, ou antes múltiplos sentidos. São interpretações desses lugares que habitam a cartografia imaginária de Teresa Gonçalves Lobo, um atlas que a cada sua exposição espera por uma nova existência. Talvez tenhamos de fechar os olhos para os ver nascer. As linhas, sempre ascendentes, que amiúde se sobrepõem, acentuando o simbolismo do gesto, trazem-nos os cumes das montanhas, o voo de uma andorinha, que não fazendo a Primavera, nos traz o seu espírito, vigorosas na terra as canas, se calhar de açúcar, ou não fossem madeirenses as origens da artista, o vento que passa por entre a paisagem. As linhas, este imenso léxico de Teresa Gonçalves Lobo, falam-nos, aqui, da leveza, da leveza que nos chega quando fechamos os olhos. Vêm da leveza do sonho, aquele que “comanda a vida”.

Esta exposição ficará patente até 17 de Novembro, de terça-feira a sábado, das 15 às 21 horas.

Também sobre a mostra de Teresa Gonçalves Lobo, escreve José Manuel dos Santos que “estes desenhos são o sangue seco do tempo. Têm a firmeza ácida das gravuras, a identidade tracejada das impressões digitais, a velocidade soletrada dos morses visuais, o segredo surdo dos códigos, a mudança de escala da vida. São desenhos que dizem o elogio da sombra e a alegria da luz. São feitos com a arte e a técnica ( tekné é arte e técnica) do arqueiro zen, que estica o arco e aponta a flecha ao alvo, sabendo que o alvo é ele – e é a si mesmo que aponta («Zen e a Arte do Tiro com Arco», Eugen Herrigel)”.

“Os desenhos de Teresa Gonçalves Lobo”, acrescenta, “pensam sem a mediação das ideias, assim se respira debaixo de água enquanto os olhos abrem, suspensos, o seu espanto rápido e azul. São uma meditação inspirada – um ioga visual com o seu pranayama. É como se fossem parte de um todo que já existia antes e que continuará a existir depois”.

Teresa Gonçalves Lobo nasceu no Funchal, Madeira, em 1968, e tem construído uma carreira artística consistente, expondo regularmente em galerias e museus não só em Portugal como também em Inglaterra, França, Rússia, Áustria e Espanha. É representada pela Galeria das Salgadeiras, em Lisboa, cidade onde vive e trabalha e pela galeria Waterhouse & Dodd, em Londres. Possui um segundo atelier no Funchal, além do seu estúdio em Lisboa.

Tendo estudado desenho, pintura, gravura e fotografia no Ar.Co Centro de Comunicação Visual e no Cenjor, respectivamente, Gonçalves Lobo tem adoptado um método original de desenho, num estilo pessoal de linhas gestuais vivazes, formas caligráficas e delicadas pinceladas que são emocionais e fluidas. O seu trabalho baseia-se na intuição e na improvisação, representando paisagens abstractas que são ambíguas e subtilmente femininas. Teresa Gonçalves Lobo desenvolve a sua técnica, transpondo os seus desenhos bidimensionais para a escultura e até ao design de mobiliário, experiência que a levou a expor a sua “i Chair Long” no Grand Palais, em Paris na exposição “Revelations”, que fez parte da Paris Design Week 2013.

Teresa Gonçalves Lobo está representada em colecções públicas e privadas, nacionais e internacionais.