Romeno aparentemente abandonado por “empresário” da mendicância pede todo o dia e dorme ao relento

*Com Rui Marote

Há situações que se tornam penosas à vista, nomeadamente a pobreza. Mesmo se a nossa tolerância à mesma é temperada pelo conhecimento de que há quem lucre com espectáculos de teatro para comover o transeunte. Porém, o Funchal Notícias apercebeu-se da situação aparentemente difícil deste homem, um cidadão de nacionalidade romena, que passa o dia a pedir esmola e que dorme ao relento, nos jardins da Avenida do Mar e das Comunidades Madeirenses, junto a um posto de transformação da Empresa de Electricidade da Madeira.

O homem, que vive do que as pessoas lhe dão, terá sido abandonado por um “empresário” que explora outros mendicantes, conforme é do conhecimento geral. Já há anos que a situação da “pedincha” se repete anualmente, com a vinda de aparentes profissionais da arte, que têm a infelicidade de possuir deficiências físicas e que delas não hesitam em se servir para comover os passantes e justificar a esmola. Há-os de várias nacionalidades, incluindo ucranianos que vieram trabalhar nas obras e acabaram por sucumbir aos atractivos desta vida sem “trabalho”, mas que certamente obriga a grandes doses de paciência, para permanecer um dia inteiro nos mesmos locais apelando à caridade de quem passa. A situação já foi reportada, inclusive, pela imprensa regional, que vigiou o modo como vários pedintes aleijados, colocados em diferentes locais da cidade, eram recolhidos no final do dia por uma carrinha que os levava para um apartamento que ocupavam na Rua do Pina.

Parece que a Madeira é terreno fértil para os empresários que apostam na exploração dos mendigos, pois a situação mantém-se e há mesmo fontes insuspeitas que nos reportam que os mesmos vão trocar grandes quantias de dinheiro em moedas, num minimercado das redondezas. Quem fica a ganhar mais é, sem dúvida, o cabecilha desta prática ética e moralmente duvidosa.

Já este romeno, porém, parece ter caído em desgraça. Como já dissemos, dorme ao relento, acorda já com a manhã muito adiantada e ao pequeno almoço serve-se de vinho, fazendo também da sua nova “casa” mictório público. Curiosamente, a cadeira de rodas em que se desloca ostenta um emblema que parece identificá-la como uma daquelas que o Exército dos EUA dá a veteranos.

Será curioso comparar a atitude escrutinadora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) em casos como estes da migração anual em busca da esmola, explorada por alguns, e a ostensiva presença policial que se nota na chegada do ferry “Armas”, que agora estabelece ligação com Portimão… É por vezes quase uma dezena de agentes policiais da GNR e da PSP, incluindo cães. Não se questiona, naturalmente, o cumprimento da lei, mas a desproporcionalidade da presença fiscalizadora numas situações, e noutras.