Porto Santo está discriminado e nunca houve um momento tão difícil, diz ex-candidato à autarquia em nome do “dever cívico”

hugo Nóbrega
O jovem ex-candidato pela CDU às eleições autárquicas, na qualidade de independente, intervém em nome do “dever cívico” para “defender o Porto Santo”. Diz que a ilha “é discriminada” a vários níveis.

Hugo Nóbrega foi candidato pela CDU, no Porto Santo, nas últimas eleições autárquicas. Um candidato na qualidade de independente. Faz parte das vozes críticas relativamente a questões importantes que têm a ver com o modelo de desenvolvimento das ilha dourada, em diversas vertentes, tendo o Turismo como o tema nuclear a ter em conta. No entanto, tudo esbarra nos transportes, marítimos e aéreos. Recusa a discussão global sobre o Aeroporto do Porto Santo ser alternativa ao Aeroporto Internacional da Madeira CR7 quando este estiver inoperacional devido às condições meteorológicas.

Não aceita que o Porto Santo seja alternativa sobre qualquer aspeto. “O Porto Santo tem lugar próprio, tem marca própria para vender. Não é vender a Madeira com imagens do Porto Santo, é vender Porto Santo com as suas próprias imagens”, defende o ex-candidato na ilha dourada. Diz que “o Porto Santo está a ser discriminado, nunca passou por uma situação tão difícil. Pela Europa, pelo Governo Nacional e pelo Governo Regional”.

Acompanhou o debate, em Machico, sobre Aeroporto do Porto Santo alternativa, fez inclusivé uma intervenção. Critica o facto de Idalino Vasconcelos não ter estado presente, mas mais do que isso, não ter enviado representante, referindo que a situação pode deixar transparecer que “não há mais alguém na Câmara capaz de representar a ilha para debater um assunto desta importância”.

Mais do que partidos, defende que é importante uma participação cívica, diz que o seu objetivo é defender os interesses do Porto Santo reforçando que o Aeroporto já é uma solução e não apenas alternativa. “Neste momento já deveríamos estar a falar em melhorar as condições, uma vez que têm vindo a registar-se alterações meteorológicas que deixaram o Aeroporto da Madeira parado, na totalidade 17 dias entre novembro e março”.

Hugo Nóbrega defende que a evolução tecnológica deveria estar ao serviço da melhoria de condições para os passageiros, em vez de estes terem que permanecer em filas, durante 11 e mais horas, sem qualquer explicação sobre horários de voos entretanto desviados ou cancelados. “É importante trabalhar mais no serviço online para dar resposta às pessoas”.

Reconhece que há condicionantes, na globalidade, à prestação de um melhor serviço sempre que há uma situação dfe aviões desviados. Mas falta em tudo, nas condições do Aeroporto, na restauração, na hotelaria e nos serviços em geral. Mas também na Saúde, onde o serviço também apresenta vulnerabilidades grandes”.

Para uma das vozes críticas relativamente à situação da Ilha Dourada, “o grande bloqueio do Porto Santo é o preço dos transportes”. Além da componente aérea, com “horários desajustados”, temos o transporte marítimo que é alvo de alguma controvérsia em função da paragem operada em janeiro, onde ocorre o período de manutenção do navio. Hugo Nóbrega diz que “é inconcebível”, além de que “essa paragem de janeiro deveria estar devidamente assinalada, nas reservas online, nos períodos em que o navio não opera com a fórmula do subsídio de mobilidade, onde deveria incluir janeiro nas exceções de julho, agosto e setembro”. E lança a questão: “Quanto custa, a um turista, deslocar-se ao Porto Santo em janeiro? Não podemos estar a lutar contra a sazonalidade do destino e depois não haver barco em janeiro”.

Fala dos voos extra para alunos universitários para considerar “um escândalo”, lançando ironicamente a questão sobre se o Porto Santo teria ou não estudantes universitários, uma vez que os mesmos foram discriminados no caso de quererem adquirir uma passagem, dado que seriam obrigados a pagar uma viagem Porto Santo-Madeira-Porto Santo para poderem beneficiar desse voo, o que seria incomportável atendendo aos custos nesta época.

Hugo Nóbrega deixa para debate outras preocupações relativamente ao Porto Santo: os jovens que são obrigados a sair da ilha sem alternativa, os idosos que não têm para onde ir, sendo que neste caso, “o Governo vai dar mais 111 mil euros para ajudar o Lar de Nossa Senhora da Piedade, mas só existem 28 camas e a lista de espera é enorme. Isto cria um problema grave para o futuro em função do aumento da esperança de vida. Dentro de dez, quinze anos estará pior”.

A falta de um médico veterinário e a abertura do parque de campismo “cujas condições deixam muitas dúvidas”, são dois dos assuntos de relevância para o Porto Santo, sobretudo numa altura em que se prevê maior afluência, durante a Páscoa, além do período de verão que constitui a época alta. Defende que o Porto Santo deve reivindicar, mas sobretudo deve primeiro arrumar a casa, ou seja, querer visitantes, mas se chegam cem pessoas não têm onde comer. O Porto Santo não pode exigir condições ao exterior se não tem organização interior. É preciso um plano global. E hoje não vemos isso”.