Albuquerque e Cordeiro pedem “serenidade” nas adaptações necessárias ao subsídio de mobilidade

Fotos: Rui Marote
Foi uma extensa visita aquela que o presidente da Região Autónoma dos Açores, Vasco Cordeiro, realizou hoje ao Monte e ao Jardim Botânico. Miguel Albuquerque, o seu homólogo madeirense, guiou-o na subida à igreja do Monte (o Largo da Fonte foi evitado), cumprimentando os carreiros e procurando interagir com locais e estrangeiros, fazendo piadas – a um casal de britânicos desejou que “gozassem o horrível Inverno” madeirense, em pleno dia solarengo – e falando sobre o imperador Carlos d’Áustria. A secretária regional do Turismo, Paula Cabaço, acompanhou-os, bem como a presidente da Junta de Freguesia do Monte, Idalina Silva.

Do Monte a comitiva, acompanhada por seguranças, jornalista e assessores, “embarcou” no teleférico rumo ao Jardim Botânico da Madeira, numa visita que foi acompanhada também pela secretária regional do Ambiente, Susana Prada, e pelo director do Parque Natural da Madeira, Paulo Oliveira. Miguel Albuquerque quis cativar Vasco Cordeiro com as camélias, mas ter-se-á porventura esquecido que, nos Açores, o que não falta são precisamente camélias, das quais, aliás, se realiza uma grande exposição anual. De qualquer modo, a visita prosseguiu, placidamente, por entre os muitos disparos dos fotógrafos, e gerando grande curiosidade dos visitantes de outros países, que não cessavam de interpelar os jornalistas sobre de quem se tratava.

No Jardim Botânico, os chefes dos executivos madeirense e açoriano passaram por uma loja de souvenirs que vendia “boomerangs” e macaquinhos como “souvenirs” da Madeira, e, antes de prosseguir para a contemplação da diversidade botânica, falaram sobre as questões das viagens aéreas e dos subsídios de mobilidade. Vasco Cordeiro e Miguel Albuquerque salientaram que foram constituídos dois grupos de trabalho diferentes, para a Madeira e para os Açores, o que, no entender dos presidentes, se justifica dadas as especificidades dos transportes relativos a cada uma das regiões. “Vamos aguardar as conclusões, e depois, em função delas, vamos depois encontrar uma solução”, disse Miguel Albuquerque, fazendo eco das palavras anteriormente proferidas por Vasco Cordeiro. Solução que, salientou o chefe do executivo madeirense, impõe-se até por motivos de continuidade territorial e coesão nacional.

Albuquerque realçou que os preços praticados, de 86 euros para residentes e 64 euros para estudantes, nas viagens para Lisboa, são razoáveis. O problema está na necessidade de adiantamento dos tectos máximos exigidos pelas companhias aéreas, principalmente em alturas de pico de actividade, como o Natal e o fim-de-ano. “São montantes que”, admitiu, “são muitas vezes difíceis para as famílias adiantarem”. É um problema que exige rectificação, sublinhou. Porém, fez questão de lembrar, “porque as pessoas muitas vezes são esquecidas, que quando esta lei foi aprovada, estava previsto que no prazo de seis meses íamos fazer as rectificações que eram necessárias, no sentido de melhorar o modelo”.
A viagem de teleférico ficou registada para a posteridade…
“Nós iniciámos um modelo que, do nosso ponto de vista, era benéfico para os madeirenses e os portosantenses, mas estava consubstanciada na própria lei a revisão de alguns aspectos negativos (…) E a verdade é que a lei foi aprovada e estamos quase há dois anos à espera da rectificação desses aspectos”, disse.

Questionado sobre se o modelo não poderia ser o mesmo para a Madeira e Açores, Vasco Cordeiro declarou que “do ponto de vista das acessibilidades aéreas, conforme compreendem, são realidades diferentes”. Por isso, “o objectivo do modelo não deve ser se é diferente ou igual, mas se dá a melhor resposta possível para realidades diferentes. Se tivermos uma mesma solução, óptimo, se tivermos duas soluções diferentes, bom na mesma”.
O intercâmbio com as pessoas aconteceu. O presidente dos Açores foi recebido simpaticamente e disseram-lhe que era “bem-vindo à Madeira”.
Confrontado com a questão de que o modelo de mobilidade da Madeira não dá resposta às necessidades dos cidadãos, Miguel Albuquerque considerou, por seu turno, que “nunca os madeirenses viajaram tanto e a preços tão acessíveis”. A este respeito, invocou mesmo um aumento de 39% na mobilidade aérea. “Nunca se viajou tão barato”, afirmou. O problema é para uma família média, que tem por exemplo dois filhos a estudar no continente, adiantar o dinheiro dos tectos máximos em determinadas alturas do ano. Albuquerque admitiu que as famílias “são obrigadas a adiantar verbas exorbitantes”.

Do Jardim Botânico, a comitiva seguiu para o almoço. A tarde será preenchida com visitas às empresas Madebiotech, no Caniçal, e Eutelsat Madeira, no mesmo local. Amanhã há novas visitas a empresas, como a ECM ou a ACIN, na Ribeira Brava, e reuniões com entidades empresariais e associações, além de uma ida ao centro de Maricultura na Calheta e ao Mudas – Museu de Arte Contemporânea.