Octogenária aguarda há dois anos por operação às cataratas; não sai de casa, depende de ajuda

*Com Rui Marote
O Funchal Notícias depara-se, de tempos a tempos, com situações lamentáveis deste tipo, que mostram bem os problemas vividos pelas pessoas comuns – aquelas que na sociedade madeirense não beneficiam de sinecuras nem de favores.
Na vereda do Lagar, nos Piornais, o FN foi encontrar uma cidadã idosa de 81 anos, que enfrenta o drama de não conseguir fazer a sua vida com normalidade. Necessita de uma operação às cataratas, a qual aguarda já há cerca de dois anos. Entretanto, no local onde habita já há mais de 47 anos, a existência vai-se prolongando num mundo “às apalpadelas”.

Apesar da idade, a octogenária move-se normalmente. Mas, dada a sua condição, não sai de casa, não pode sequer distrair-se a ver televisão e, para alimentar-se, depende da comida que lhe é deixada todos os dias numa marmita, por uma assistente social.
Tem telemóvel, mas só para receber chamadas da sobrinha, diariamente, de manhã e ao fim da tarde, para aferir do seu estado. Não pode telefonar porque não vê e não consegue marcar os números.

Esta cidadã sénior lava-se num banheiro improvisado e sem condições. Até para cumprir as suas necessidades fisiológicas tem dificuldade.
O acesso à cozinha também não é fácil, dada a dificuldade apresentada po um bloco de cimento, que serve de degrau improvisado.

Para abrir a porta da rua, percorre um curto arame até chegar à fechadura. É assim que se orienta.
Diz-nos: – Antes sempre dava o meu passeiozinho no autocarro da Penteada. Hoje é impossível sair de casa. Mas se recuperasse a minha vista, fazia a minha vida normal.
Está na lista de espera  até quando? E isto para uma cirurgia que não requer internato.

É caso para questionar se o Serviço Regional de Saúde estará à espera de ter de empenhar meios como a EMIR ou os bombeiros, para socorrer de emergência esta idosa caso venha a surgir uma desgraça, como um acidente que bem lhe pode acontecer, dada a situação que a mesma atravessa, praticamente reduzida à cegueira.

No caso de ter de ser socorrida e internada (especulamos), quando custará ao Governo o internamento? Tudo isto poderia evitar-se. Por ser idosa, terá de aguardar pela cirurgia eternamente?