Missões

gaudencio

Não vou escrever sobre as Instituições da Igreja que implantaram o Cristianismo fora da Europa. Vou escrever sobre uma outra dimensão do termo, materializada na célebre Carta a Garcia. O Império Americano escorraçava o último resquício colonial europeu – Espanha dava independência a Cuba – da sua vizinhança e, era imperioso fazer chegar a carta a Garcia, o General insurrecto.

Numa sociedade politicamente organizada, a cada um de nós cabe uma missão na vida. Cada um tem a sua Carta a Garcia. Porém, há momentos particularmente difíceis na vida dos povos em que as missões que urge distribuir são penosas e nelas arrisca-se a vida. É o caso das Guerras e das Catástrofes Naturais. Sendo as primeiras obra Humana talvez, um dia, estes seres imperfeitos consigam entender-se e acabar com ela. As catástrofes, podemo-las apenas prevenir!

De autor desconhecido cito: ”Já em 2013, durante os terríveis incêndios então registados na Madeira e em particular no Funchal, houve muitas lamentações e foram ditas asneiras atrás de asneiras. Felizmente a Madeira tem nas suas corporações de bombeiros, verdadeiros heróis, sempre disponíveis para servir a comunidade. O seu esforço e dedicação sem limites, nesse ano, tal como agora, é qualquer coisa que toca bem fundo nos sentimentos de todos os madeirenses. Ao longo dos anos, nesta Região Autónoma, foi feito um grande investimento em equipamentos e na formação”. Nestes 500 caracteres, temos duas verdades: primeira, o agradecimento aos bombeiros, supõe-se envolver todos aqueles que estiveram no combate; segunda, a referência ao “grande investimento”, que não passou de “grande desperdício”. Foram os tempos do “deixem o dinheiro comigo….”

O Pres. dos E.U.A, William Mackinley, quando incumbiu Rowan de entregar a carta ao Gen. Garcia, atribuiu-lhe uma missão daquelas que sabemos como começam e nunca como acabam. Foi numa situação dessas que se viram envolvidos todos quantos assumiram a missão de extinguir o fogo que nos atingiu. Eles arriscaram a vida na defesa de pessoas e bens. Sei, por experiência própria, avaliar-lhes o esforço. A incerteza vivida ao minuto, o sofrimento de gente indefesa postada em nossa frente, e, nós com pouco ou nada para dar, é atroz. Vivi isto aos 25 anos na condição de “Povo Fardado”. Como entendo os de HOJE! Velho, sem força, com o fogo não muito longe de minha casa, revivi o passado. Hoje, sem tiros, a nova geração de “Povo Fardado” expôs-se ao perigo, e também, entregou a Carta a Garcia.

As Cartas a Garcia, com que a vida nos contempla, diferem de pessoa para pessoa. A uns conhece-se o rosto, gente que arrisca a vida, com direito a reconhecimento público. No caso do autor citado, desconhece-se a missão que lhe coube. Porém, escondendo-se, leva-nos a suspeitar que não está em Paz com sua Consciência, talvez por não ter entregado a sua Carta a Garcia.