Presidente impressionado com estoicismo dos madeirenses

Fotos: Rui Marote

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O presidente da República efectuou hoje uma visita-relâmpago à Madeira, durante a qual tomou contacto com a dimensão da catástrofe dos fogos florestais que afectam a Madeira e dos incêndios que atingiram mesmo a área urbana. Marcelo Rebelo de Sousa foi acompanhado durante a sua deslocação pelo presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, pelo representante da República, Ireneu Barreto, e pelo presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, entre outros responsáveis.

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O mais alto magistrado da Nação percorreu algumas das áreas ardidas em São Roque e no Monte, antes de deslocar-se ao RG3, onde se encontram cerca de seiscentas pessoas acolhidas, entre a população que se viu obrigada a abandonar as suas áreas de residência e os doentes do Hospital dos Marmeleiros, que foram para ali evacuados.

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Antes, para chegar à Região, Marcelo Rebelo de Sousa enfrentou alguns problemas: o seu avião teve de ser desviado para o Porto Santo e daí veio para a Madeira de helicóptero. Tudo isso causou algum atraso, e quando o presidente chegou ao RG3, já caía a noite.

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Ali foi recebido pelas altas patentes militares, que lhe deram conta das diligências que desenvolveram para o acolhimento da população, e quais os serviços que lhe estão a proporcionar, em articulação com as entidades civis.

Prosseguiu depois para a visita à área de dormitório e também às zonas de entretenimento das crianças, onde, com o seu à-vontade habitual, interagiu facilmente com crianças e também com jovens escoteiros que se encontravam no local e que se contam entre os que têm ajudado as pessoas nestas horas difíceis.

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Entre um afago e uma brincadeira, Marcelo mostrou mais uma vez porque é conhecido como “o presidente dos afectos”, e que é um experiente homem dos media. Mas, reconheça-se, a boa disposição é-lhe natural e a sua atitude tudo menos cinzenta. Porém, apesar da ocasional piada e dos muitos sorrisos, o presidente da República, perseguido por uma multidão de repórteres e pelas sempre sequiosas câmaras de TV e fotógrafos em busca da melhor perspectiva, preocupou-se em ouvir as pessoas contarem as suas preocupações, darem conta dos seus anseios e fazerem relatos da difícil experiência por que passaram.

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Em declarações aos jornalistas, elogiou o trabalho dos militares, que considerou insubstituíveis no seu esforço. Deu mesmo conta de ter falado com crianças que lhe disseram “terem gostado muito dos senhores vestidos de verde, que me trataram muito bem”. A criança em questão não falava da casa, constatou Marcelo, preferindo focar-se no facto de ali ter conhecido novos amigos.

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O Exército, disse, ajudou muito “no apoio a doentes e às centenas que não têm alojamento, ao longo de dias e de noites, e que ali ainda terão de permanecer algum tempo”.

Depois de ter visitado as áreas ardidas, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que há um longo trabalho a fazer, mas que também se deparou com “muita determinação”, e mostrou convicção de que “hoje é outro dia”

“A capacidade das pessoas para falarem já no dia de amanhã” impressionou o presidente, mesmo quando se referem à necessidade de “segurar já uma encosta para as chuvas de Fevereiro que hão-de vir”. E houve mesmo quem, desolado pela perda da habitação, o convidasse para no futuro visitar a sua casa quando recuperada e novamente habitável.

“A mim não me surpreende. Acho que os portugueses são mais assim do que se pensa”, referiu, referindo-se à resiliência das pessoas perante as adversidades, e recusando qualquer distinção entre Portugal e a Madeira. “Mas muitas vezes achamos que não. Temos uma visão um pouco miserabilista de nós. Mas da mesma forma que somos solidários nos momentos mais difíceis (…) também somos capazes de reconstruir e de avançar, e essa é a grande mensagem”, declarou. “O dia seguinte já começou”.

Quanto às pessoas que não sabem ainda quanto tempo ficarão no RG3, Marcelo Rebelo de Sousa disse que Miguel Albuquerque marcou um prazo muito claro, duas semanas, para concretizar a situação, reunindo com o primeiro-ministro António Costa e estabelecendo metas a alcançar em termos orçamentais, inclusive com o possível recurso a dinheiros europeus.

“Há casas a construir, caminhos a reparar… Vimos a extensão muito ampla do que sucedeu. Agora é preciso olhar para o futuro” – apontou.

Há sempre discussões sobre o que foi e o que poderia ter sido, sobre os meios a utilizar para o futuro no combate aos fogos… Mas é muito bom, enfatizou, que haja a perspectiva de que a vida se normalize, e tem de se normalizar.

O chefe do Executivo madeirense, entretanto e a propósito, já declarou que irá mandar realizar um estudo sobre a exequibilidade do uso, na Madeira, de meios aéreos de combate aos fogos, para resolver duma vez por todas essa questão, que muitos têm levantado ao longo dos tempos, mas que tem sido sistematicamente descartada enquanto hipótese pelas entidades oficiais.

Amanhã, será a vez do primeiro-ministro português, António Costa, se deslocar à Madeira por causa da catástrofe dos recentes incêndios.