Katakolon – o berço dos Jogos Olímpicos

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Rui Marote

A um mês dos próximos Jogos Olímpicos – a edição de 2016 acontece no Rio de Janeiro e a cerimónia de abertura realiza-se no dia 5 de Agosto – é altura de lembrar, através de uma reportagem fotográfica, as origens destes Jogos que, ressuscitados em princípios do século XX pelo barão Pierre de Coubertin, cultivam a divisa do ‘Citius, Altius, Fortius’ (mais rápido, mais alto, mais forte), o lema que simboliza o espírito de competição saudável.

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Situada a cerca de 40 km de Olímpia, Katakolon é uma cidade costeira na Ília, no município de Pyrgos. O centro está situado à beira de um golfo do Mar Jónico. Katakolon situa-se numa península e possui um importante farol a sudoeste, construído em 1865. A cidade tem uma população de apenas 600 habitantes.

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É aqui que fica a porta para Olímpia, pois é neste porto que atracam todos os navios de cruzeiro com turistas que para ali tencionam deslocar-se. Era aqui que, de quatro em quatro anos, há mais de dois mil anos, multidões de gregos aportavam para celebrarem os jogos consagrados a Zeus.

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A zona de Olímpia era habitada já dois mil anos antes do nascimento de Cristo, ou até antes. Aí existiria um culto de adoração anterior a Zeus, eventualmente a Gaea (Terra).

A História revela-nos que os primeiros Jogos Olímpicos tiveram lugar em 776 a.C., mas eventualmente poderão ter começado antes disso. Os jogos eram uma espécie de tratado de paz temporário entre as cidades-estado gregas, uma trégua. Este período de trégua durava um mês, inicialmente, mas, porque tanta gente, toda a Grécia, na verdade, queria assistir e participar, acabou por ser aumentado para três meses, sempre durante o Verão.

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Os vencedores não recebiam qualquer prémio monetário, mas eram a partir daí adulados. O prémio consistia num ramo de oliveira, e o vencedor tinha o direito de erguer uma estátua à sua vitória na sua cidade natal. Normalmente, ganhava o direito a refeições gratuitas até ao final da sua vida.

Porque essa “verdade sagrada” vigente nos Jogos dava aos reis e líderes de toda a Grécia a oportunidade de se defrontarem desarmados, Olímpia rapidamente passou a ser um local importante para discussões políticas e negócios. Também contribuiu para fazer desenvolver o sentido de unidade entre os gregos, mesmo a nível de linguagem e religião.

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Olímpia foi renovada diversas vezes ao longo do tempo, com a construção de edifícios adequados. Gente famosa deslocava-se ali para assistir aos Jogos, tal como Platão, Aristóteles e, antes deles, no século VI a. C., Tales de Mileto, o célebre sábio e matemático grego que ali terá morrido, vitimado por um golpe de calor.

Heron de Siracusa competiu nos Jogos, assim como Alcibíades, Alexandre, o Grande e Nero.

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Escravos e mulheres, especialmente as casadas, estavam proibidos de assistir aos Jogos. Todavia, as mulheres podiam competir. Já os bárbaros podiam assistir, mas não competir.

Antiga Olímpia

À entrada do recinto, as primeiras ruínas com que o visitante se depara são as do Gymnasium, datado do séc. II a.C. Mais a sul está posicionada a escola de luta livre, a Palaestra, parcialmente restaurada. Poderá apreciar nesta zona do recinto o Theokoleon, a casa do sacerdote, em cujas traseiras se encontra o atelier no qual Fídias executou a escultura de Zeus.

A leste do santuário de Zeus, fica o Stadium, o local onde se desenrolava a maior parte dos eventos desportivos dos Jogos Olímpicos. O Stadium era um local sagrado para os antigos gregos, pois todas as actividades desportivas eram dedicadas a Zeus. Apesar da localização. os espectadores conseguiam assistir às corridas desde as encostas do monte Kronos. A sua localização foi sendo gradualmente alterada mais para leste, até ficar na actual localização. No séc. V a.C., o Stadium comunicava com o santuário através de uma passagem subterrânea.

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A pista de corridas tem 212,54 metros de comprimento e 28,5 metros de largura, e possui zonas relvadas à volta.

Todos os lugares sentados eram de terra batida e no extremo sul existia uma plataforma em pedra, a Êxedra, onde os Hellanodikai, os juízes, se sentavam. A norte, existia um altar em honra de Demeter Chamyne. Ao todo, cabiam 30 mil espectadores em todo o Stadium.

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O Centro Arqueológico de Olímpia é um dos mais importantes museus arqueológicos da Grécia. Alberga uma extraordinária colecção de artefactos do santuário de Zeus, onde nasceram e tiveram lugar os primeiros Jogos Olímpicos. Este museu foi construído em 1975 e abriu ao público em 1982, exibindo os seus tesouros. O arquitecto responsável pelo museu foi Patrocolos Karadinos. No vasto espólio museológico, o turista pode encontrar uma colecção de peças de terracota, englobando os períodos pré-históricos, arcaico e clássico, uma colecção de peças de bronze e esculturas e uma colecção específica sobre os Jogos Olímpicos.

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Entre as peças exibidas, as mais importantes são os ornamentos esculpidos do templo de Zeus, as estátuas de Praxíteles, de Nike de Paionios e de Zeus e Ganimedes, o elmo de Miltiades e um cavalo em bronze.

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Quem visitar o Centro Arqueológico e o Museu andará pelo meio da História, num dos mais importantes santuários da Grécia antiga. Integrada na paisagem helénica, aos pés do monte Kronos, Olímpia convida-o a fazer parte da História da Grécia.

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