“A rede clientelar continua”, denuncia Edgar Silva, apelando a uma “ruptura”

PCP

A festa vai rija na Rua João de Deus, hoje fechada ao trânsito para a festa/comício da CDU, comemorativa do 25 de Abril. Entre um palco montado no local, as zonas de churrasco ao ar livre e uma extensa esplanada montada no centro da artéria no espaço compreendido entre a entrada principal da Escola Secundária de Francisco Franco e a Secretaria Regional da Inclusão e Assuntos Sociais, juntaram-se muitos militantes e simpatizantes da CDU para assinalarem a data da Revolução de Abril. São festividades que já têm tradição no Funchal, e que a CDU comemorava habitualmente na Rua da Carreira, onde o PCP teve sede durante muitos anos.

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Numa intervenção proferida nesta festa/comício, onde não faltam as músicas revolucionárias e o cantar ao desafio, o líder regional Edgar Silva colocou a tónica nas “muitas cicatrizes e chagas sociais” que hoje muito fazem sofrer o povo português. Para o dirigente comunista, as conquistas de Abril não se mostraram suficientes para eliminar essas “chagas profundas” no tecido social, e que geram uma intensificação da exploração e do empobrecimento.

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Na perspectiva da CDU/M, os governos da República e da Região, e também o poder autárquico, embora tenham chegado ao poder em nome de uma suposta mudança, estão a proporcionar “mais do mesmo” e o que hoje existe, “é o agravamento dessas cicatrizes”, que causam profunda divisão social.

Nesse contexto, “apesar de tanta desesperança que hoje grassa, e apesar do agravamento da situação da pobreza, das desigualdades sociais”, o importante, para Edgar Silva, é deixar uma palavra de confiança. Hoje continua a ser válido defender os valores de Abril, disse, mas isso implica requerer uma ruptura com os actuais modelos de governação, as actuais orientações de governo.

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Para a CDU, essa mudança, essa alternativa é possível. Os valores de Abril continuam a ter muita actualidade, mas “é possível criar um tempo novo, de justiça social, de mais e melhor democracia, de defesa das liberdades”, particularmente na Região Autónoma da Madeira. É necessário, todavia, que o povo não tema envolver-se numa alternativa, numa viragem com os actuais modelos de poder.

 

Num comentário às recentes notícias, que dão conta dos nomes do presidente e do vice-presidente da Assembleia Legislativa Regional no âmbito da investigação internacional promovida pelo Consórcio de Jornalistas de Investigação, conhecida como ‘Panama Papers’, Edgar Silva considerou estes dados ilustrativos da natureza daqueles que chegaram ao poder em nome de uma suposta mudança de governação, que iam iniciar um novo ciclo político… “Mas o que temos é mais do mesmo”, acusou. Trata-se “de um defraudar das esperanças” populares.

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“A rede clientelar continua, perdura”, tal como, na outra ponta do espectro, está a pobreza que gera desespero, denunciou.

“O que importa ter em conta é que não estamos condenados a esta gente, a esta realidade”, apontou Edgar, para quem a população não está condenada a este ‘statu quo’.