O tempo das manifestações foi intenso no pós-25 de Abril. A imagem que hoje o FN publica dá conta de uma delas, datada dos inícios de 1975, junto ao Palácio de São Lourenço. Ficou celebrizada como a manifestação da cana de açucar e o objetivo dos manifestantes, mobilizados também pela UDP e a União do Povo da Madeira, era mesmo entrar na histórica fortaleza como sinal de evidente protesto.

Um grupo de pequenos produtores agrícolas de Machico e da Ponta do Sol, descontentes com a falta de apoios à produção,  avançaram para o Funchal, ocupando as instalações da antiga Fábrica Hinton e, ao fim da tarde de 9 de abril,  dirigiram-se para São Lourenço, tentando, inclusivamente, forçar a entrada na fortaleza, sob as palavras de ordem “O Palácio é do Povo”.

Não sendo fácil na ilha da Madeira guardar um segredo, as forças da guarda de São Lourenço já haviam sido reforçadas com elementos de caçadores especiais e da polícia militar, que tinham então quartel na fortaleza de São Lourenço, pelo que obtiveram como resposta uma série de granadas lacrimogéneas, a que se seguiu a atuação dos elementos da polícia militar que perseguiram os manifestantes até ao Campo Almirante Reis. Não mais se replicaram as tentativas de forçar a entrada no Palácio.

Os tempos passaram e hoje as manifestações são mais raras e normalmente pacíficas. O Palácio, de construção filipina, continua imponente, servindo de residência ao Representante da República na Madeira.