Nos tempos que correm, esta imagem é quase impensável: gente em fila, na Rua 31 de Janeiro, para obter o leite em tempos de manifesta escassez.

O contexto da imagem reporta-se a um tempo em que os leiteiros foram proibidos de entregar o leite porta a porta. Há três décadas, o leite era de manga, o que obrigava o consumidor a fazer uma fervura. Além disso, o produto tinha pouca duração. Os supermercados, na altura, eram um anacronismo, e as típicas mercearias não estavam preparadas para a venda do leite de manga que também escasseava na Região. Tempos de dificuldades acrescidas e de penúria.

Só mais tarde é que irrompeu no mercado o leite UHT-Ultra High Temperature, um processo corrente utilizado para a esterilização dos alimentos através da alta temperatura. Sucederam-se gradualmente as grandes superfícies comerciais e uma qualidade de vida antes impensável. Foi a o modo de pôr um ponto final a estas filas intermináveis para levar o leite para casa.

Hoje, não só já não há filas para o leite como até nutricionistas há que questionavam a sua importância na roda dos alimentos. O certo é que a imagem documenta um tempo vivido na Madeira de grandes limitações e subdesenvolvimento, cuja página foi possível virar anos mais tarde.