Diocese quer João Henrique Silva como director do Museu de Arte Sacra

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A Diocese do Funchal quer João Henrique Silva à frente dos destinos do Museu de Arte Sacra, um dos mais importantes do Funchal. O ex-director regional dos Assuntos Culturais, que foi sucedido por Carina Bento, mantêm-se na DRAC como técnico superior, estando actualmente a realizar algumas investigações no Centro de Estudos de História do Atlântico, relacionadas com o grande projecto de um dicionário sobre os mais variados aspectos históricos do arquipélago, dirigido pelo historiador madeirense José Eduardo Franco. Mas o Funchal Notícias sabe que a actual direcção do Museu já foi confrontada com a vontade do bispo do Funchal, D. António Carrilho. Na realidade, foi o bispo emérito do Funchal, D. Teodoro Faria, mandatado por D. António, que lhe transmitiu a vontade deste: João Henrique Silva deverá ser o próximo director da instituição que alberga algumas das peças mais valiosas que se podem ver em museus madeirenses – inclusive de arte flamenga.

foto retirada do site do Museu de Arte Sacra
foto retirada do site do Museu de Arte Sacra

A nomeação está a gerar algum ‘frisson’ nos bastidores, não só por se tratar, naturalmente, de um lugar bastante cobiçado, mas porque Carina Bento, que terá de aprovar a saída de João Henrique Silva para aquele lugar, não terá sido informada antecipadamente da intenção da Diocese. Supõe-se que, a ir para o cargo de director do Museu de Arte Sacra, João Henrique Silva terá de ser ‘destacado’ pela DRAC, que lhe continuará a pagar o ordenado – já que é pouco provável que a Diocese queira assumir tal encargo.

Por outro lado, e embora tenha exercido o cargo de director regional dos Assuntos Culturais, João Henrique Silva não possui formação em museologia nem em história da arte. De acordo com as informações que colhemos, a sua intenção seria fazer-se asessorar por Isabel Santa Clara, durante muitos anos docente universitária na área das artes, que assumiria o papel de sua adjunta.

É entendimento de várias pessoas bem posicionadas no meio cultural da Madeira que haveria outras escolhas mais pertinentes, e que esta nomeação só acontece devido a uma proximidade que foi, de resto, sempre notória, de João Henrique Silva com algumas das mais importantes figuras da Igreja Católica madeirense.

Contudo, é reconhecido que a Diocese pode, de facto, nomear o director do Museu. Mas sublinha-se que tal devia apenas acontecer em estreita ligação com a DRAC, o que não se terá verificado nos moldes desejáveis antes que a intenção da Diocese fosse comunicada à actual direcção, presidida por Luíza Clode.

Contactado pelo Funchal Notícias, João Henrique Silva não quis confirmar nem desmentir: “Não falo sobre esse assunto, não tenho nada a dizer sobre isso”, referiu.

Tentámos também contactar a Diocese do Funchal, mas não estava ninguém que, em tempo útil, fosse capaz de responder a perguntas colocadas pela comunicação social.

João Henrique Silva cursou Teologia entre 1975 e 1979. Em 1987, licenciou-se em Filosofia. Tem um mestrado na Universidade Católica Portuguesa, que aborda René Girard, em relação com um romance de Milan Kundera. Foi, durante anos, director do Jornal da Madeira. Em 1996 foi convidado para o cargo de director regional dos Assuntos Culturais, que abandonou em 2003 para regressar ao Jornal; reassumiu as suas funções de director da DRAC em 2004, até ser substituído, recentemente, por Carina Bento, já no consulado de Miguel Albuquerque.