Feriado deixa a cidade vazia e esquecida de Camões

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Fotos Jackeline Vieira

O feriado acaba por deixar a baixa do Funchal deserta e praticamente alheia ao simbolismo da efeméride. Não fora as comemorações oficiais em honra do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, e um ou outro aficionado do desporto aqui e acolá, e a cidade reduzia-se a meia dúzia de turistas a desfrutar de um clima ameno e de vistas feitas de vazio.

Numa cidade turística, com múltiplos e bons eventos de promoção deste destino, não seria de pensar em promover também um País pequeno mas com uma riquíssima história?

10 de junho. Homenagem também ao poeta que cantou a Pátria melhor que ninguém e que já na época de quinhentos se lamentava da gente “surda e endurecida”, metida na “vil cobiça” e a querer fama sem ser de forma “suada”. Assim se lamentava n’Os Lusíadas, Camões, o poeta que exaltou o “peito ilustre lusitano”. Hoje, Camões é uma referência escolar pouco simpática aos alunos, pela sintaxe, pelo léxico e pelo género épico fora de moda) que cultivou para mostrar as glórias e misérias dos lusitanos.

image2Que dizer das comunidades? Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Quem se lembra delas? Não falamos dos ilustres que enriqueceram facilmente com a diáspora mas daqueles que são escravos do trabalho para poderem sobreviver e que ninguém os visita nas célebres visitas oficiais dos nossos governantes. Tudo isto num contexto em que o país voltou a ser de emigrantes, criando-se por vezes nos jovens a quimera de que, lá fora, tudo é um céu azul de oportunidades.

Uma cidade silenciosa, com lojas a fechar e outras a abrir, com a sua população a fazer contas à vida para viver com alguma dignidade. Um Funchal em dia típico de feriado a meio da semana. Calou-se a cultura. Talvez tivesse falado mais alto o recato doméstico, o necessitado descanso, os dedos de conversa com os amigos. Também importante. Mas, quem se lembra de Camões e do orgulho de ser português?

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