O leilão da obra do conhecido madeirense António Aragão ficou aquém das expetativas dos promotores. A casa encheu-se para a arrematação, na rua da Mouraria, com figuras públicas e anónimos, mas apenas 30% do espólio foi licitado.
No entanto, o leiloeiro Ricardo Fernandes considera que, até a próxima quinta-feira, outras peças valiosas venham a ser vendidas pelo seu valor-base, razão pela qual o balanço é provisório.
Turistas e madeirenses arremataram peças, sendo que a peça mais vendida foi licitada por cerca de 15 mil euros, umas aguarelas de Aragão.Políticos desta terra marcaram ainda presença no evento.
Mais de meio milhão de euros. É este o valor estimado do espólio de António Aragão que estava em leilão, no Funchal. Muita gente ligada à cultura andou esta semana pela Agência de Leilões da Mouraria para averiguar do valor das peças e fazer fotos. Foram ofícios para cá e para lá a ver se o Governo Regional comprava a valiosa obra do historiador e escritor madeirense. Mas a resposta arrasa: não há disponibilidade financeira para fazer a aquisição.
Na Rua da Mouraria, neste sábado cinzento e vagaroso, eis que os amantes das refinadas peças de outras eras rumaram à Agência de Leilões da Mouraria para assistir ao leilão do património de António Aragão. A família diz que quer prestar uma homenagem ao homem das artes e das letras, dando a possibilidade de os madeirenses e turistas terem algumas das ricas peças nas suas casas, enquanto outros se escandalizam com o fim dado a um espólio que merecia honras oficiais de ser visitado num museu condigno.
Um desfile variado de peças de mobiliário, louça, pinturas, estatuetas, documentos históricos e livros forma o lote variado para arrematação. O leiloeiro Ricardo Fernandes adiantou ao Funchal Notícias que a afluência tem sido “muito boa” e durante a semana que agora finda passou pela casa cerca de mil clientes, tendo alguns deles deixado o valor base da sua licitação, pelo facto de não poderem estar hoje presentes.
A peça mais cara ronda os 25 mil euros. É um lote de pinturas em papel vegetal, que deram origem depois a aguarelas valiosas de António Aragão. Duas dessas aguarelas foram, licitadas por 15 mil euros, a peça mais cara que foi hoje arrematada.
O leilão prolongou-se até às 20 horas do dia de hoje. Segunda e terça feira próximas, os licitantes poderão levantar as peças adquiridas e ainda outros interessados terão a possibilidade de efetuar novas compras, na agência, até esta quinta quinta feira.
Apesar de se considerar que o espaço que alberga o leilão do património de Aragão não ser o mais adequado, não é essa a opinião do gerente: “Esta casa tem categoria e nobreza adequadas para este propósito. É no próprio leilão que deve ocorrer um evento desta natureza. Lembremo-nos também que esta já foi a residência do Dr João Lemos Gomes e o Tribunal Judicial do Funchal.”